Administração cresce no ritmo da economia

Este artigo é um comentário do artigo de Felipe Sil na sua reportagem bem abrangente sobre as oportunidades para o administrador no momento que cresce o ritmo da economia brasileira. Pretende responder ao problema levantado por Itamar Arvoredo presidente da Federação Brasileira de Administradores (Febrad) “falta qualificar o setor” e “é preciso melhorar grades curriculares”.

Os dois comentários devem ser estudados separadamente embora que ambos os problemas façam parte da reclamação não só de empresários no Brasil como também nos EUA e Europa. Nesse meu artigo quero deixar minha opinião aos administradores que o problema não existe e não é nosso porque ele está solucionado, já que as faculdades cumprem a grade aprovada pelo MEC. Fiz a minha graduação na UFRJ e desde o término da graduação nunca me senti com pouca informação e aproveitei todos os conteúdos das disciplinas ministradas aplicando-as na gestão das empresas que fui contratado.

Quanto à qualificação do setor, eu considero que ela tem que ser uma vontade do administrador em dar continuidade na sua especialização e assim ganhar empregabilidade. Qualificar é um esforço que deve atuar em conjunto com a vontade da empresa em ter um profissional especialista numa função específica – finanças, marketing, estratégia, RH, etc.- e manter esse funcionário em constante aperfeiçoamento profissional, retendo-o por longo tempo. A grade da graduação aprovada pelo MEC dá uma formação generalista e abrangente. Faço comparação com a grade da faculdade de medicina ou engenharia que recebem a mesma crítica. Após a minha graduação recebi patrocínio da empresa onde trabalhava para assistir a diversos seminários bianuais da COPPEAD da UFRJ disponíveis sobre “gestão estratégica”, pois essa era a especialização que me interessava. Também participei de diversas palestras sobre estratégia ministradas pelo professor Agrícola Bethlem e outros treinamentos ministrados por especialistas que ensinavam sua experiência que prestavam consultoria na área, além de ministrar MBAs em diversos centros de ensino.

No Rio de Janeiro a COPPEAD nos anos 80 rompeu a questão da adequação dos cursos aos interesses das instituições ao firmar convênios com empresas industriais, comerciais e de serviços para suprir as necessidades de adequar o currículo às especializações demandadas pelo mercado. Assim vem formando os especialistas em áreas específicas. No início era o marketing, estratégia, finanças e recursos humanos, depois vieram os MBAs em varejo, logística e agora petróleo. A PUC-RJ e FGV-RJ seguiram o mesmo tipo de parcerias para o ganho de empresas e alunos. Os vôos da Ponte Aérea de SP e BH para o Rio foi o que permitiu essa façanha por algum tempo, com as empresas pagando a passagem, dispensando o funcionário no dia da aula, além de outros comprometimentos ajustados entre empresa e universidade. Hoje são os professores que vão às cidades.

Estou coordenando a realização do MBA – UERJ em Gestão Empresarial em Friburgo-RJ que tem o mesmo conteúdo realizado pela equipe de professores da UERJ-FEA no Campus do Maracanã e da Barra da Tijuca e há alguns anos mantém convênios com empresas – IBM, MERCK, NESTLÉ, etc. Os diretores das empresas de Friburgo e região estão considerando uma ótima oportunidade para seus funcionários uma vez que a ementa está de acordo com o que precisam para o especialista na gestão de negócios. Alguns empresários querem mais informações como suas empresas podem participar desses convênios.

Como vimos, há um problema no artigo de Felipe Sil, mas sua solução para o aperfeiçoamento da administração no Brasil já ocorreu há muito tempo com histórias de sucesso nos arquivos dessas universidades. Mas preciso lembrar o trabalho realizado pelo meu conselho de classe, o CRA-RJ que através do Adm. Wagner Siqueira vem há mais de 40 anos trabalhando na gestão da instituição, junto com outros grandes administradores conselheiros, que nos ajudam a manter a profissão reconhecida e hoje continuam a fiscalizar o exercício legal por administradores das atividades exaradas em lei. Na época o Wagner ia negociar diretamente com as diretorias da Eletrobrás, Furnas, Petrobrás, Vale, etc. no Rio e em Brasília por cargos que deveriam estar sendo ocupados por administradores, mas que as empresas não cumpriam a lei. Sua luta foi lenta, mas vitoriosa. Isso foi um passado, mas deixou um legado que não pode ser esquecido, pois está nos beneficiando hoje. O Felipe escreve que a Febrad estima que existam aproximadamente 80 mil vagas de emprego abertas para administradores em todo o país e que para cada engenheiro contratado na construção civil surgem duas para administradores.

Desde os primeiros mandatos do Wagner Siqueira no CRA-RJ eu recebo comunicação de cursos e MBAs oferecidos em convênio com o Conselho. Participei como palestrante de algumas palestras  semanais gratuitas para os administradores registrados, além de assistir algumas outras oferecidas. Por isso recomendo que o artigo de O Globo seja lido e divulgado por todos os administradores para que sirva de alerta a necessidade de sua especialização para ganho de empregabilidade, melhora no salário ou uma nova colocação.

Lembro que a especialização capacita, mas é o exercício da gestão de uma atividade dá ao administrador habilidades e experiência por acertar e obter êxito, ou pelo fracasso e por erros de gestão pelas escolhas feitas na tomada de decisão. É o prender com os erros que nos alerta para não cometer os mesmos enganos. Na perda, ao reconhecer que sua capacidade de gestão é fraca, pode levar a pessoa a decisão de investir recursos para se especializar ao invés de fazer outro gasto. No êxito, deveremos ter a humildade de retornar à sala de aula para aprender mais ou compartilhar nossa experiência. É por isso que temos administradores experientes em atividade no Brasil.

Caro colega Administrador. A universidade forma a pessoa. A grade aprovada pelo MEC para sua graduação em 2011 é atual. Cabe a você fazer uma ou várias especializações no mesmo tema, como eu continuo fazendo em gestão estratégica, ou optar por ser um generalista cursando diversos MBAs. Acabei de obter o título de mestre em economia empresarial para dar suporte à especialização em estratégia e isso foi uma opção para manter a coerência. Muitas empresas e instituições investem na especialização de seus funcionários com o reembolso do curso que realiza o que é muito bom.

Meu artigo quer servir de depoimento para os que querem uma orientação, então digo: a especialização é uma vontade de sua escolha; o quanto você paga por um MBA é um investimento que deverá lhe dar mais oportunidades de melhores salários e empregabilidade; voltar a estudar é um esforço e requer muita dedicação durante uns 20 meses, com o sacrifício de não fazer algumas atividades. Finalmente escolher entre a empresa que lhe dê oportunidade de praticar o que aprendeu em um MBA, ao exercer gestão de um departamento, e aquela que investe na sua especialização, fique com a primeira, caso não consiga encontrar a empresa ideal. Meu argumento é que o ganho de experiência ao aplicar e praticar a teoria deverá transformá-lo num gestor.

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