Gestão das instituições de ensino e a formação de Administradores
Quando a Lei 4.769 é sancionada em 9 de setembro de 1965, dispondo sobre o exercício da profissão de Administrador, ela também define a criação do Sistema CFA/CRAs e nas suas atribuições define que o sistema deve propugnar por uma adequada compreensão dos problemas administrativos e sua racional solução. Também deve fiscalizar o exercício da profissão, organizar e manter o registro de Administrador.
Sabemos que definida a missão de qualquer organização, seu modelo de gestão resumidamente será: a escolha de seu cliente foco e a definição de sua estratégia de ação, que basicamente será seu processo sendo realizado pelas pessoas com a utilização em maior ou menor intensidade das tecnologias.
Inegável o entendimento da importância da profissão de Administrador, tanto na estruturação das organizações, quanto na gestão do dia a dia e, também, o entendimento de que a racional solução para os problemas administrativos passa por fiscalizar a atuação dos Administradores, mas também pelo cuidado com sua adequada formação.
A formação de Administradores, pela legislação do Brasil, hoje é responsabilidade exclusiva do MEC, que cuida da regulação e avaliação das Instituições do Ensino Superior credenciadas, que ensinam, avaliam e diplomam, cabendo ao Sistema CFA/CRAs apenas registrá-los.
Os egressos Administradores dessas IES estão tendo a formação adequada para a demanda e competitividade das organizações? As próprias IES estão com estruturas e estratégias adequadas para a formação ideal desses profissionais e para suas próprias sobrevivências?
Analisando dados do Censo da Educação Superior, recentemente liberado pelo INEP, que apresentam a situação em 31/12/2022, tenho dificuldade em acreditar que a resposta para essas perguntas é afirmativa. Os números apresentados assustam e, obviamente, por si só não respondem tais questões, mas nos obrigam a aprofundar mais a análise da questão.
Temos no Brasil, de acordo com dados do censo do ensino superior (base 31/12/2022):
- 2.595 IES, sendo 312 públicas e 2.283 privadas;
- 22.829.803 vagas sendo 870.659 públicas e 21.959.144 privadas;
- 5.657.908 presenciais e 17.171.895 em EAD;
- As IES públicas ocuparam nas federais 73,5% das vagas novas; 75,2% nas estaduais e 43,1% nas municipais;
- As IES privadas ocuparam 23% nas com fins lucrativos e 16,5% nas sem fins lucrativos;
- 41% das IES tem até 300 alunos e somam apenas 1% das vagas ocupadas;
- Somadas, 4 IES apenas têm 23% das vagas ocupadas;
- As IES públicas em 2012 tinham 142.660 docentes, em 2022 tem 173.373;
- As IESs privadas tinham 180.660 docentes em 2012, em 2022 tem 151.425;
- Administração tem 245.460 matriculados em cursos presenciais e 303.329 em cursos EAD;
- Vagas novas em Administração: públicas apenas 74,7% foram ocupadas e 35,8% nas privadas.
Estamos prestes a conhecer o resultado do Enade de Administração com, base na avaliação realizada pelo INEP em 2022, e portanto poderemos aprofundar o estudo associando aos dados do Censo do Ensino Superior e com isso ter condições de responder com mais segurança essas questões.