Inovação e as Organizações Contemporâneas

Dentre as idéias, no mundo atual, que marcam o posicionamento estratégico, a estrutura do negócio, a sobrevivência e as condições que mantém uma organização com capacidade competitiva no mercado, podemos conferir à inovação um destaque especial, pois vem sendo adotada, com certeza, de forma significativa, fundamental e decisiva.

O conceito de inovação é muito variado. A inovação está associada ao conceito de criatividade (Horácio, 2009) tal como inventar, descobrir e desvendar.

Horácio diz que inovar é “fazer algo que já se faz, ou se fez, de forma inédita e significativamente vantajosa”. Pode ser vista também como “a exploração com sucesso de novas idéias” (Inventta, 2011).

Considerando a vasta literatura sobre o assunto, podemos resumir a estrutura das inovações (tipologia, impacto e dinâmica) conforme está apresentado no quadro abaixo:

Estrutura da Inovação

Impacto Tipo

Dinâmica
Incremental Produto Fechada
Radical Processo Aberta
  Negócio  

Quando se consegue o desenvolvimento de inovações com características radicais (mudança de paradigma), de processos / negócio (mudança no posicionamento estratégico) e abertas (idéias que vão além do ambiente organizacional), a tendência é que obtenha como resultado, meios para criar diferencial competitivo interessante para a empresa, no ambiente do seu mercado.

A inovação é, de fato, a palavra de ordem para todas as organizações que têm como estratégia competir, no mercado atual, com competitividade. Como não podia deixar de existir, essas organizações vão ter que enfrentar obstáculos naturais para implantar uma cultura de inovação no seu ambiente. Os principais desafios estão ligados com a autonomia do trabalhador, o aprendizado e a associação da empresa com a inovação e, óbvio, com o custo de maturação dos projetos que envolvem as pesquisas a ela relacionadas.

O primeiro obstáculo são as condições do próprio “trabalhador do conhecimento”. Normalmente, esses trabalhadores, que produzem conhecimento, vão exigir um ambiente que promova autonomia, domínio e propósito (pesquisa do Federal Reserve, Cambridge e MIT). Sem esse tipo de cultura não há estímulos para que se tenha produtividade em trabalhos orientados para a criatividade, e daí, para a inovação.

O segundo obstáculo diz respeito ao aprendizado do trabalhador, em geral, com a cultura de inovação associada. A organização deverá preencher os requisitos para gerir um ambiente que promova educação e aprendizado contínuo sobre os produtos e o seu mercado de atuação, as novas tecnologias e os novos negócios. Só assim terá condições de gerar, sistematicamente, as inovações.

O obstáculo mais simples (em termos de pessoal) e, também, o mais complexo (em termos organizacionais) é o custo da inovação. Será necessário o envolvimento da alta administração para que se disponha de tempo e numerário para projetar, desenvolver, testar e implantar o resultado da pesquisa que gerou a inovação. Quando as duas condições anteriores estão satisfeitas, geralmente, o investimento na inovação é tratado de forma muito favorável para os colaboradores e para a empresa.

Sabemos que as empresas entendem que a inovação é essencial para que ela consiga colocar com dinamismo seus produtos no mercado. Sabemos que há uma “cultura” e pessoas atentas para a próxima novidade (inovação tipo produto), na sua idéia de formação de consumo. Sabemos que a dinâmica: lançamento do produto, consumo e demonstração do uso, está intimamente associada com as estruturas de poder representadas nas diversas camadas sociais. Sabemos, também, que nem sempre a inovação anunciada preenche as expectativas do consumidor.

Diante desses fatos, levantamos as seguintes questões:

a) A relação inovação / expectativa do consumidor não estará restringindo as idéias dos trabalhadores do conhecimento?

b) Será esse o propósito real da inovação?

c) Será a inovação, e seu trade-off inerente, a solução ideal para os problemas da competitividade, no mundo contemporâneo?

d) As inovações, mesmo as radicais, não estariam limitando o desenvolvimento da ciência?
e) Ela não estaria se tornando um obstáculo para uma verdadeira quebra de paradigmas?

Bibliografia

Soares Horácio – O Tiro e o alvo: aforismos para a resolução de problemas de negócios. Rio de Janeiro: Cais Pharoux, 2009.

Porter Michael – Competição. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1999.

Inventta. A inovação: definição, conceitos e exemplos. Radar Inovação. Site A Inventta. 2011

Pink, Daniel. Drive – The surprising truth about what motivates us. Site cognitive.media.co.uk. RSA Animate. Site youtube.com.watch. Março, 2011.

Sugestões de leitura: