Entre reajustes abusivos e a fragilidade da saúde pública no Brasil

O site InfoMoney noticiou, no último dia 5 de janeiro, que os aumentos dos planos de saúde para este ano devem ser semelhantes aos do ano passado. Os planos coletivos, que representam cerca de 70% do setor, devem chegar a um reajuste médio de 25% em 2024. Inflação, sinistralidade e custos de saúde são os principais argumentos das empresas do setor para esses reajustes anuais sucessivos, muito acima dos índices inflacionários.

Esse cenário se torna ainda mais dramático diante da precariedade da rede pública de saúde, que deixa milhões de cidadãos desamparados, enfrentando longas filas de espera, falta de profissionais e insuficiência de recursos públicos para atender à população.

Para a maioria dos cidadãos, principalmente os assalariados, “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. A deficiência na saúde pública intensifica a dependência de quem busca alternativas para garantir atendimento adequado e tempestivo. Os usuários, muitas vezes, se veem diante de um dilema cruel: sujeitar-se a reajustes exorbitantes dos planos coletivos ou enfrentar as limitações e deficiências da rede pública.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), ao fazer vista grossa para a questão dos reajustes, deveria considerar o papel crucial dos planos privados como complementares à saúde pública, especialmente em um contexto de carência estrutural.

Repensar os reajustes anuais nos planos de saúde coletivos no Brasil deve ser acompanhado por uma reflexão mais ampla sobre o papel de cada componente do sistema de saúde.

A busca por soluções efetivas não pode prescindir do fortalecimento da saúde pública, para que todos os cidadãos, independentemente de sua condição financeira, tenham acesso digno e igualitário aos serviços de saúde.

*Adm. Wagner Siqueira é presidente do CRA-RJ e ex-secretário municipal de Administração do Rio de Janeiro.

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