A importância dos Administradores para sobrevivência das organizações

A quantidade de empresas brasileiras sendo extintas, falindo ou entrando com pedidos de recuperação judicial tem sido muito grande e demonstra tendência de aumentar. Muito se tem discutido sobre o assunto e as opiniões são unânimes de que o grande motivo, da maioria dos casos, é creditado a deficiências de gestão. Passo seguinte, se torna necessário, identificar quais as causas dessa ineficiência de gestores, já que são eles os responsáveis pela adequada condução e correção de rumos das organizações.

Recentemente, pesquisando a lista dos 20 gestores das Lojas Americanas acusados e respondendo processo por má gestão, gerando recuperação judicial e enorme prejuízo a seus acionistas, nenhum deles está registrado no CRA-RJ (Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro), tudo leva a crer que nenhum era Administrador de formação. Esse não é um caso isolado, tem sido muito comum encontrar organizações sendo geridas por pessoas não habilitadas para tal. Formação adequada é imprescindível para um bom desempenho na gestão das organizações, mas não podemos creditar somente ao crescente descredito nos diplomas no preenchimento dos cargos, sabemos que outras profissões são mais respeitadas, até mesmo pela legislação, com assinaturas exclusivas, mas a de administradores e formações correlatas são consideradas substituíveis por qualquer um, pois é de entendimento de muitos, que bom senso somente, habilita para as atividades de gestão. Aliás Descartes já denunciava a valorização disso desde 1637, quando publicou o “Discurso do método”.

A complexidade cada vez maior das organizações, gerada pela acirrada concorrência e crescimento vertiginoso das tecnologias, requer um estudo mais detalhado sobre essa profissionalização da gestão e seus reflexos nos resultados obtidos pelas organizações. Entendemos que comumente as estruturas organizacionais podem ser representadas como um triangulo com um vértice para cima e se o dividíssemos em três segmentos por retas paralelas a base, teríamos em baixo um segmento operacional, no meio um segmento gerencial e no topo um segmento estratégico e que se fossemos subindo da base para o topo iriamos verificando uma diminuição de atividades operacionais e aumentando as atividades decisórias, o que consequentemente exige para cada segmento um diferenciado grau de desenvolvimento profissional habilitado à gestão.

O ensino no Brasil direcionado à formação de gestores prevê cursos técnicos, de nível médio, no nível de graduação, cursos de tecnólogos direcionados para segmentos específicos e bacharelados em administração e cursos conexos a ele. Como pós-graduação uma enorme gama de especializações no” lato sensu” e uma boa quantidade de cursos de “stricto sensu” de mestrados e doutorados. O segmento operacional estará bem atendido sob supervisão de técnicos e tecnólogos com pouca experiência, o nível gerencial com tecnólogos experientes, bacharéis e especialistas e o nível estratégico com especialistas experientes, mestres e doutores.

Estrutura para que as organizações tenham uma gestão adequada existe, importante que cuide priorizando a formação na contratação e ocupação de cargos. As instituições formadoras também precisam ter preocupação com a qualidade dos egressos, cuidem dos projetos pedagógicos e constantemente adequem às necessidades organizacionais. Zelem pela competência e atualização de seu corpo docente e da avaliação constante de alunos para garantir egressos competentes.

*Adm. Luiz Cezar Vasques é consultor organizacional e diretor de Planejamento do CRA-RJ.

 

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