A diversidade no Mercado de Trabalho — homens e mulheres em contraponto
Nas últimas décadas, muitas mudanças ocorreram na sociedade e, consequentemente, no mercado de trabalho brasileiro, de maneira a possibilitar maior inserção feminina nas organizações, mas as desigualdades entre homens e mulheres ainda persistem. Algumas mudanças colaboraram para que as chances de ocupação para mulheres crescessem.
Primeiro, é preciso destacar o empreendimento, dedicação e formação feminina nos últimos anos. Também é importante apontar o processo de expansão econômica e de urbanização das cidades, a partir da década de 70, ampliando o mercado e a necessidade de mais trabalhadores. Ainda se deve considerar mudanças nas normas, convenções sociais e culturais, com transformações nas estruturas das famílias, além da visão das novas gerações e das exigências sociais por mais diversidade social, para combater a desigualdade, e promover a inclusão social.
Apesar das transformações apontadas, a mulher vem lentamente ocupando postos de trabalho e fazendo valer o seu lugar de direito nas organizações de todos os setores da economia ou empreendendo para o sustento de suas familiar. Contudo, os resultados das últimas pesquisas em 2024 revelam pouca evolução.
Homens e mulheres e o desemprego
O desemprego entre as mulheres brasileiras permaneceu consideravelmente mais elevado do que entre os homens, no primeiro trimestre de 2024, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o Instituto, a taxa de desemprego foi de 6,5% para os homens, no primeiro trimestre, enquanto 9,8% para as mulheres. Na média nacional, a taxa de desocupação foi de 7,9% no período. As taxas demonstram que a desocupação feminina é mais alta que a média nacional de desemprego da população brasileira.
Outros percentuais sinalizam que a taxa de desocupação para as pessoas com ensino médio incompleto foi de 13,9%, mais que o triplo do resultado para as pessoas com nível superior completo, cuja taxa foi de 4,1%. Como as mulheres, a cada ano ocupam mais os bancos universitários que os homens, é possível que, em breve tempo, haja melhor qualificação feminina e a ampliação do mercado de trabalho, para atividades laborais de nível superior.
A publicação Education at a Glance (EaG), de 2021, desenvolvida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aponta que as mulheres têm mais chances de fazer o ensino superior do que os homens. Por outro lado, elas têm menos chances de serem empregadas. O relatório aponta que, nas nações integrantes da OCDE, inclusive o Brasil, em média, 80% das mulheres com ensino superior (com idades entre 25 e 34 anos) estavam empregadas em 2018, enquanto os homens representavam 87%.
Renda desigual entre homens e mulheres
A pesquisa do IBGE aponta também, no primeiro trimestre de 2024, a disparidade entre mulheres e homens no mercado de trabalho, principalmente, em relação ao rendimento médio real, habitualmente recebido no trabalho principal.
A pesquisa afirma que apesar de atingir R$ 3.033 pelos homens, no período, as mulheres trabalhadoras se mantêm com rendimentos equivalentes a 80% do salário médio masculino.
Os números revelam a renda habitual obtida do trabalho principal e o rendimento médio alcançaram patamares muito altos no referido período, tanto para os homens, R$ 3.323, quanto para as mulheres, R$ 2.639. Em síntese, o homem recebe cerca de 26% a mais que a mulher em seu emprego principal, mesmo que realizem as mesmas atividades de trabalho.
*Adm. Ana Shirley França de Moraes é conselheira do CRA-RJ. Coordenadora da Comissão Especial do Trabalho e Empregabilidade do CRA-RJ. Coordenadora do Curso de Administração da Unyleya e Avaliadora INEP/MEC.