O remédio para saúde

A situação da saúde pública no Brasil é um tema que, infelizmente, não é novo. Problemas e controvérsias têm permeado esse setor, evidenciando um sistema fragilizado pelo descaso político e pela falta de estrutura. Apesar de contar com um dos maiores orçamentos, a saúde pública carece de estrutura adequada para atender às necessidades da população.
A organização do sistema de saúde pública no Brasil compreende três níveis de atenção: básica/primária, secundária/especializada e terciária/hospitalar. No entanto, os problemas de saúde podem surgir em todos esses níveis, muitas vezes desencadeando uma série de complicações que resultam em uma deterioração progressiva da saúde do paciente. Esse cenário afeta diretamente a população, contribuindo para a desigualdade e minando a confiança na eficácia do sistema.
O Sistema de Saúde brasileiro, instituído pela Lei nº 8.080/1990, está sofrendo um desgaste considerável. Embora baseado em princípios doutrinários como universalização, equidade e integralidade, e organizativos como regionalização, hierarquização, descentralização, comando único e participação popular, a implementação efetiva desses princípios tem sido  desafiadora.

Recentemente, a mídia expôs a situação precária de seis hospitais federais, levando a uma intervenção para reforçar a gestão técnica dessas instituições. Essa ação revelou problemas recorrentes, como falta de leitos, insumos e equipamentos, além da ausência de controle sobre necessidades e custos, resultando em desperdício de recursos.
No entanto, as medidas tomadas muitas vezes são paliativas, incapazes de abordar as questões estruturais subjacentes. Comitês temporários são criados, intervenções são promovidas, mas a falta de conhecimento e de uma abordagem sistêmica continua prejudicando os esforços de melhoria.

Um dos principais problemas é a nomeação política de gestores sem experiência em gestão, resultando em decisões inadequadas e falta de compreensão das necessidades reais das unidades de saúde. Isso reflete uma cultura de gestão e administração deficientes na saúde, onde o paciente muitas vezes é negligenciado em favor de interesses políticos ou administrativos.
Recentemente, foram expostos casos de pacientes aguardando próteses por anos, evidenciando a falha no sistema de regulação e na priorização do atendimento. Enquanto isso, o desperdício de recursos persiste e as filas de espera aumentam, exacerbando o sofrimento dos pacientes.
Diante desse quadro, surge a questão: Qual é o remédio para Saúde, uma doença crônica sem cura à vista? A solução requer uma abordagem abrangente que aborde não apenas os sintomas imediatos, mas também as causas subjacentes. Isso inclui  investimentos adequados, profissionalização da gestão, ênfase na prevenção, integração de serviços, participação da comunidade, transparência e prestação de contas, inovação tecnológica e valorização dos profissionais de saúde.
Em resumo, para superar os desafios da saúde pública no Brasil, é necessário um compromisso sério e contínuo com a melhoria do sistema, priorizando o bem-estar dos pacientes e a eficácia dos serviços prestados.

*Adm. Fatima Ribeiro é conselheira, diretora e coordenadora da Comissão Especial em Administração de Serviços de Saúde do CRA-RJ.

Sugestões de leitura: