O novo ‘Big Wave’ de dados que vai impactar o Marketing e o mercado
Quando falamos em big data, o paradigma que vem à mente está sempre ligado a nossa jornada digital tradicional: navegação pela internet, os sites que visitamos, as buscas realizadas, o que curtimos ou deixamos de curtir em uma determinada rede social, por quanto tempo visualizamos algum tipo de conteúdo etc. Esta “pegada” digital, há pelo menos 20 anos, tornou-se um elemento direcionador de tudo o que as marcas fazem em ambientes digitais. Da publicidade programática ao planejamento estratégico de conteúdo baseado na metodologia inbound, todas as ações são (ou deveriam ser) pensadas a partir dos dados coletados e dos padrões de uso que eles tornam visíveis.
Das decisões mais simples, como a melhor hora para postar um conteúdo, até situações mais complexas, como o planejamento de mídia optando entre dezenas ou talvez centenas de canais diferentes para pulverizar seu orçamento em comunicação, tudo passa por isso. Porém, esta compreensão do big data se tornará desatualizada em breve. Estamos diante de uma nova “Big Wave” de dados que abrirá um novo universo de possibilidades e oportunidades tanto para esfera do marketing quanto para os negócios em geral. Isso vai multiplicar (e muito!) a quantidade de dados gerados: em 2006, geramos cerca de 162 exabytes** de dados. Cada exabyte equivale a 1,07 bilhão de gigabytes. No último ano, estima-se que este volume tenha aumentado para 40.000 exabytes (ou 40 trilhões de gigabytes).
Os números impressionam, mas normalmente observamos apenas sua camada mais superficial: grande parte destas informações é absolutamente dispensável e não faria qualquer falta para a humanidade. Por exemplo, toda a quantidade lixo ou conteúdo audiovisual de caráter absolutamente pessoal e ególatra que abastece as diversas plataformas sociais. Porém, quem olha com mais atenção percebe que logo abaixo dos exabytes gerados por uma cultura hedonista e pela busca incessante por construir uma reputação virtual, existem universos inteiros de possibilidades. Enumero neste artigo quatro áreas que já estão gerando dados e que não costumam ser enquadradas nas nossas jornadas digitais tradicionais. Vamos a elas:
Smart Retail: com o crescimento do varejo híbrido, teremos cada vez mais experiências físicas integradas ao perfil de consumo, a políticas de relacionamento e a customização das entregas possibilitadas pelo digital. O smart retail já era uma tendência, mas foi extremamente acelerado pela pandemia. Os dados coletados a partir de canais hibridizados abrirão novas possibilidades tanto nas abordagens de marketing quanto na customização da experiência e das entregas.
Smart Home: o mercado de IoT (Internet of Things) deve movimentar mais de 30 bilhões de dólares na América Latina até 2023, segundo a previsão de um relatório de 2020 da Global Data. Com os aparelhos inteligentes, teremos muita informação disponível sobre o comportamento dos usuários e, o mais importante, do uso que eles fazem dos mais variados produtos. Embora exista uma crescente (e válida) preocupação sobre privacidade, o mais importante é que objetos smart permitirão que as empresas tenham uma visão muito clara do uso que os seus clientes fazem de seus produtos. Ficará bem mais fácil entendermos hábitos, tendências e, assim, aumentarmos a capacidade de geração de valor de cada marca.
Smart Health: os serviços em saúde aliados à tecnologia e monitoramento digital representam outra grande área de avanço daqui por diante. Com o crescimento de soluções wearables (vestíveis), teremos o nosso organismo mais e mais monitorado. Isso abre caminho principalmente para novas soluções na prestação de serviços em saúde, prevenção e qualidade de vida, e para o desenvolvimento acelerado de novos procedimentos e medicamentos.
Smart Cities: cidades totalmente conectadas e monitoradas já são realidade em algumas regiões do planeta. O fato de termos sensores para todos os lados, veículos inteligentes e sistemas capazes de se adaptar para otimizar o espaço e suas capacidades produtivas faz com que o ambiente urbano se torne um grande gerador de dados. As oportunidades em novos serviços que podem ser desenvolvidos (tanto pela iniciativa privada quanto pelo poder público), além de melhorias na dinâmica de entrega, logística e mesmo na comunicação de marketing também são incalculáveis.
Com isso, fica claro que ainda estamos arranhando a superfície do big data quando olhamos apenas para a navegação tradicional e o conteúdo gerado pelos usuários na internet. O potencial de das áreas citadas neste artigo ainda é incalculável.
Elas sim, valerão cada exabyte.
** Só por curiosidade:
1 Gigabyte = 1.024 Megabytes
1 Terabyte = 1.024 Gigabytes
1 Petabyte = 1.024 Terabytes
1 Exabyte = 1.024 Petabytes
1 Zettabyte = 1.024 Exabytes