Discurso de encerramento de mandato – Adm. Wallace de Souza Vieira
Chegamos ao final do mandato a nós confiados recompensados pelo dever cumprido, após vencer o bom combate, superar medos e desafios totalmente imprevisíveis, fora de nosso controle, do país, do mundo.
O ano que se findou foi de muitas perdas mas também de muitos ganhos para as partes envolvidas, sobretudo de muito aprendizado e de revalorização, redescoberta e despertamento de potenciais e talentos inatos e de valores intangíveis como solidariedade, resiliência, sentimento de utilidade, pertencimento e de fidelização reavidos – inibidos, quem sabe, por trabalho repetitivo, monótono, destituído de desafios, falta de oportunidades e reconhecimento, competição disfuncional e destrutiva etc.
Por isso, a instituição e seus colaboradores internos se tornaram mais fortes, coesos, integrados, resilientes e determinados para perseverar, neste biênio, a cada dia, a busca do equilíbrio econômico-financeiro, felizmente alcançado.
Tivemos, decorrentemente, velocidade para se adaptar as mudanças e resiliência para superar desafios; soubemos aproveitar e criar oportunidades; conceber estratégias bem definidas, sempre pautadas numa governança democrática e compartilhada, e muito trabalho duro.
Tivemos também sensibilidade e criatividade na produção e disponibilização continuadas de novos serviços, de modo a fidelizar os registrados atuais e atrair novos, como forma indireta de aumentar a adimplência, em respeito às “dores sentidas” de cada qual impactado pelos efeitos malígnos da pandemia.
Decorrentemente de citados esforços a instituição teve neste exercício uma economia de R$ 2.607.000,00 através da repactuação de contratos sob as mais diversas formas: suspensão provisória e finalização de alguns contratos, descontos, não reajustes etc; suspensão e redução de benefícios; adoção de gestão virtual nas representações de interior dos profissionais de Administração; adoção do home office como regime de trabalho. Por seu turno, tivemos cerca de 2.100 registros de pessoas físicas e 96 registros de pessoas jurídicas perfazendo, no biênio o total de 5354 e 390 registros de pessoas físicas e jurídicas, respectivamente.
Registre, mais uma vez que, confiados na credibilidade que desfrutamos junto aos colaboradores internos e na compreensão e sensibilidade de cada qual para a delicada situação econômico-financeira que ainda vige na instituição, 54 deles presentes à Assembléia Geral convocada pelo Sindicato da categoria aprovaram, sem qualquer voto contrário e abstenção, o novo Acordo Coletivo de Trabalho que, entre outras medidas, mantém suspensa, até a nova data, a fruição de benefícios já consagrados. Nessa mesma toada foi igualmente aprovado novo PDV, destinado a amenizar as dificuldades financeiras que se seguirão.
Mas cuidamos de trazer novos horizontes para a instituição crescer, como é bom exemplo o Projeto de Interiorização, capaz de (i) aumentar a capilaridade institucional; (ii) aumentar a visibilidade e a identidade profissional e institucional; (iii) aumentar a fidelização e o sentimento de pertencimento profissional e institucional; (iv) aumentar a motivação, o despertamento, o convencimento e o interesse dos futuros profissionais pela carreira de administração.
São muitos os legados que a gestão que hora encerra seu mandato deixa para a posteridade, porém, o mais significativo, aquele que mais nos orgulha dentre eles é, sem dúvida, a contribuição que demos para o reencontro entre a instituição e seus colaboradores internos, o redespertar do sentimento de pertencimento e de fidelização e de amor e paixão que os unem para o todo e sempre.
Somos tomados de muita emoção e de eterna gratidão cada vez que relembramos a histórica e heróica entrega de cada qual para que a instituição voltasse à vida, revivesse e cumprisse sua missão básica – bela pela sua origem, natureza e essência –; são lembranças inapagáveis, fatores geradores de uma organização mais bem preparada para este novo amanhã.
De outra parte, não poderíamos deixar de consagrar nossa gratidão e agradecimentos a pessoas e órgãos que contribuiram com as idéias e sugestões para o aperfeiçoamento de nossa gestão.
Aos Conselheiros Federais Administradores Wagner Siqueira e Jorge Humberto Moreira Sampaio pela orientação e apoio irrestritos, sempre que solicitados.
Ao Egrégio Plenário, pela permanente colaboração, sob forma de orientação, acompanhamento e avaliação, durante todo o mandato, que por decorrência permitiu à Diretoria Executiva cumprir o Programa de Trabalho aprovado, com sucesso.
Às Comissões Especiais, pela organização e participação conjunta com os órgãos internos na concepção e utilização à exaustão de “lives” e na colaboração aos projetos PROA, PROAÇÂO, Clínica de Consultoria Organizacional On Line, Aproxima etc.
Nossa homenagem, por sua vez, aos colaboradores internos e, através da escolha do Administrador Leonardo Fuerth, pela sua liderança inconteste, homenageamos a todos vocês, sem os quais a instituição não teria feito a travessia para o novo amanhã, com todas as obrigações cumpridas, sem qualquer débito.
Aos Representantes Regionais que já vêm de há muito prestando inestimável colaboração à instituição e nossas boas-vindas aos novos, recém-chegados.
Por fim, aos profissionais de Administração que sempre prestigiaram o CRA-RJ.
Nada mais apropriadas, portanto, para reafirmar nossa gratidão às pessoas citadas – porque não somos uma ilha – as sábias palavras da poeta Cris Pizzimenti, partes de sua obra “Sou Feita de Retalhos”:
“E penso que é assim mesmo
que a vida se faz:
de pedaços de outras gentes
que vão se tornando
partes da gente também
Em cada encontro
em cada contato
vou ficando maior…”
———
“Portanto, obrigada a cada
um de vocês que
fizeram parte de
minha vida e que me
permitem engrandecer
minha história com
os retalhados deixados
em mim”
———
“Que eu também possa deixar
pedacinhos de mim pelos
caminhos e que eles
possam ser partes de
suas histórias”
———
“E que assim, de retalhos
em retalhos possamos
nos tornar um dia
um imenso bordado
de nós”
Por fim, alinhado a tradição do Dia de Reis, que se cumpre amanhã, dia seis de janeiro, quando os Reis Magos conhecem Jesus, é o momento de retirar da sala e de desfazer as decorações natalinas, guardar os enfeites e desmontar os presépios.
E nada mais metafórico que o texto que se segue, de uma das músicas cantadas pela Folia de Reis (as Folias de Reis povoaram meu imaginário de menino).
Música I
Porta aberta, luz acesa
Sinal de muita alegria
Entra eu, entra meu terno,
Entra toda a companhia
Graças a Deus já vimos
Sua casa iluminada
Já que nos abriram a porta
Falta nos fazer passar
Este é o primeiro verso
Que nesta casa eu canto
Em nome de Deus começo
Padre, Filho, Espirito Santo
De resto, quero optar por mim, explorar o talento e potencial inatos e vivos no meu patrimônio genético ainda não desabrochados, sufocados e inibidos por outras opções de vida e de lida. Não quero ser a pessoa que sai da vida sem realmente conhecer os vários “outros” que viveram nele e que feneceram por falta de oportunidade e de liberdade.
Longa vida à nova gestão que se empossa a seguir.