A influência do descompasso da educação brasileira na atividade profissional

O Brasil tem tentado, governo após governo, encontrar soluções para amenizar ou corrigir os graves problemas da Educação, do ensino básico ao ensino superior. Os problemas vão desde a oferta irregular de cursos até o desinteresse dos alunos, passando pela baixa remuneração dos professores e pelas precárias estruturas de escolas e universidades públicas.

Figuramos, de acordo com pesquisas realizadas periodicamente pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico ou Econômico (OCDE), como um dos países, dentre 70, com os piores índices de aproveitamento em ciências, leitura e matemática. Diversas outras pesquisas confirmam o descompasso da educação brasileira.

Esse drama vivido pela nossa sociedade deverá ser superado, se é que desejamos progredir neste início de século XXI em busca de melhor qualidade de vida para todos, via um desenvolvimento sustentável que balanceie as questões econômica, social e ambiental. A baixa produtividade de diversos setores da economia e a escassez de pesquisas e de patentes nacionais são apenas algumas das consequências do fracasso desse processo educacional brasileiro.

Aliás, vale dizer, nunca um cidadão brasileiro foi distinguido sequer com um Prêmio Nobel, apesar de diversos latino-americanos já terem sido contemplados por esse prêmio que representa, simbolicamente, todo um esforço na formação de pensadores, cientistas, personalidades que se valem do conhecimento para alcançar uma distinção em prol do bem da humanidade.

Peter Drucker, pai da Administração moderna, dizia que não existem países subdesenvolvidos, mas sim países subadministrados. Daí podemos dizer que no campo da Educação, o problema também passa pela gestão de recursos, pela definição de políticas concretas e por uma visão de longo prazo.

Por conseguinte, as faculdades e universidades recebem um enorme contingente de alunos que contém os vícios e as deficiências da educação que lhes foi oferecida antecedentemente nos ensinos fundamental e médio, forçando as instituições de ensino superior (IES) a promoverem mecanismos de nivelamento – ou mesmo barreiras – para que a formação do futuro profissional seja minimamente adequada para o mercado de trabalho.

Com isso, reside nas IES o último bastião para que a sociedade como um todo possa ser atendida por profissionais bem qualificados, nos diversos campos do saber, e éticos. Manter padrões de levado desempenho, tanto no corpo docente quanto discente, adequadas estruturas físicas para a construção de conhecimentos e propostas institucionais e pedagógicas alinhadas com as presentes e futuras necessidades do ser humano e das organizações é um grande desafio que compete às IES perseguir no seu dia a dia e não eventualmente quando da visita de avaliadores do Ministério da Educação e Cultura (MEC).

Para atingir esse objetivo, dificultoso mas possível, é preciso agir com eficácia e eficiência, conceitos inseparáveis e independentes. Reafirmando uma tecla que sempre bato: EDUCAÇÃO É UMA QUESTÃO DE GERÊNCIA. É preciso que os dirigentes educacionais reúnam as melhores condições para assegurar e tornar frutífera essa interdependência.

E isso só poderá ser conseguido quando o diretor escolar estiver consciente de que seu cargo é um cargo de gerência. O professor mais destacado por suas qualidades de magistério não é, necessariamente, a pessoa mais indicada para um cargo de direção. Nem o professor mais experiente, mais antigo e conhecedor das peculiaridades do Sistema Global, ou o mais popular, ou o mais político é, apenas por isso, a pessoa ideal para ocupar uma função de direção numa entidade educacional.

Sem dúvida, um dos caminhos mais promissores para o aperfeiçoamento da educação em nosso país está em capacitar as gerências educacionais para resolverem problemas de desenvolvimento organizacional do Sistema como um todo e de suas partes competentes.

O ano de 2017 está aí, um novo ano letivo, uma nova chance de tentar modificar o que está errado. É preciso buscar o novo sem ser o mesmo de antes. É preciso remover barreiras e lutar pelo que acreditamos, pelo bem e futuro dos estudantes de Administração e, obviamente, pelo bem da nossa profissão.

Sigamos em frente!

Adm. Wagner Siqueira
Presidente do Conselho Federal de Administração e Conselheiro Federal pelo Rio de Janeiro

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