A CULTURA A SERVIÇO DA ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS

Tendo em vista que nossa sociedade é composta por diversos sistemas
coletivos subjacentes e interdependentes entre si,  fica evidente a importância do
planejamento estratégico para garantir que cada sistema alcance os seus objetivos.
Porém, o que vem a ser a estratégia?

O conceito de estratégia é milenar, por ser amplamente empregado pelas
Forças Armadas desde os seus primórdios. Não por acaso, alguns dos principais
estrategistas da história provieram da caserna. No entanto, apenas no século XX é que o
conceito de estratégia chegou às organizações empresariais, tendo Peter Drucker como
um dos pioneiros na adoção do referido conceito no  âmbito corporativo. Drucker
associou o conceito de estratégia às decisões que afetavam os objetivos da empresa. Em
vista disso, e com o apoio da Inteligência Competitiva, surgiu o campo de estudos da
Estratégia Empresarial. Por sua vez, o planejamento estratégico é o processo de
definição dos objetivos e das diretrizes que conduzirão a organização ao alcance desses
objetivos.

Contudo, uma estratégia só se torna efetiva se bem  implementada. Para
tanto, as organizações se estruturam sob os mais diversos arranjos, de forma a
maximizar a utilização dos recursos à sua disposição e com vistas ao atingimento dos
objetivos propostos.

No que concerne à cultura organizacional, trata-se do sistema de valores
de que as organizações se valem para definir fronteiras que distinguem um sistema
coletivo de outro, alinha e nivela o entendimento dos colaboradores acerca do que as
instituições esperam de cada um.

Em seu livro Fundamentos do Comportamento Organizacional, Stephen
Paul Robbins sustenta que a cultura é um termo que  descreve a percepção dos
integrantes de um sistema social quanto ao grau de existência das sete características a
seguir: inovação e propensão a riscos, atenção aos  detalhes, orientação para os
resultados, orientação para as pessoas, orientação  para a equipe, agressividade
(competitividade) e estabilidade. Ademais, Robbins afirma que uma cultura forte ajuda
a reduzir a rotatividade da força de trabalho, na medida em que os valores essenciais de
uma organização são intensamente acatados e compartilhados.

Dessa forma, a cultura pode contribuir para potencializar a estratégia
competitiva, desde que alicerçada em valores que permitam às pessoas explorar o
máximo de si em prol da coletividade. E isso passa  por um sistema de valores que
privilegie a equidade das relações sociais num dado ambiente, assim como reprima
comportamentos que busquem o favorecimento próprio  e a acomodação. Nesse
contexto, há que se observar com atenção a postura  de grupos informais frente aos
objetivos propostos para a organização, assim como  ao bem-estar social. Afinal de
contas, nenhuma instituição se sustenta por muito tempo em feudos e/ou privilégios a
alguns “portadores de sangue azul”, pois isso implica podar as capacidades da
organização e instituir um regime fundamentado em assimetrias de conhecimento e
coerção que mais lembram uma ditadura.

Logo, a cultura organizacional deve estar alinhada  à estratégia de
negócios. E isso, via de regra, passa por valores comuns como a aceitação de riscos
(desde que controlados e que visem à inovação), espírito de equipe (o que não se
confunde com corporativismo e fisiologismo), respeito, transparência, reconhecimento e
melhoria contínua e outros valores específicos de cada contexto de negócios. Para isso,
é fundamental que o exemplo venha da Alta Administração e que as lideranças formais
repliquem o sistema de valores vigente, assumindo suas responsabilidades pelos
resultados de suas equipes sem se valerem de perseguições e retaliações. Afinal de
contas, vivemos na Era do Conhecimento, e não há mais espaço para feudos, tiranos e
portadores de títulos de nobreza nas empresas, até porque “cabide de emprego” não é
ação de responsabilidade socioambiental.

Como resultado do alinhamento entre estratégia e cultura organizacional,
e desde que a cultura observe o exposto anteriormente, surge um clima favorável ao
desenvolvimento organizacional que resulta em vantagens competitivas sustentáveis.
Assim, o sistema atinge o seu objetivo, retroalimenta-se positivamente e se torna
autossustentável.

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