Tripalium

Tripalium

TripaliumQuando pensamos nas sete maravilhas do mundo antigo, majestosas obras artísticas e arquitetônicas, erguidas na antiguidade clássica, não podemos aquilatar o esforço despendido para que pudessem ser construídas. Considerando os três fatores básicos de produção – terra, trabalho e capital, podemos traçar um perfil dessas construções: a terra como meio ambiente, local onde foram construídas, não constituiu obstáculos, pois era abundante; o capital não era problema em função das riquezas em poder dos grandes impérios; o fator trabalho, representado pela mão de obra, este sim, era uma dificuldade. Como praticamente todas as operações eram manuais, a solução era utilizar mão de obra escrava em grande quantidade, ou altamente remunerada, no caso das mais especializadas.

O termo trabalho tem sua origem na palavra latina “tripalium” (tri: três e palium: pau), que era um aparelho de tortura antigo, formado por três paus, onde o torturado era amarrado para receber o castigo. A história registra a existência de outro instrumento em forma de açoite, com três hastes flexíveis com ponta de aço para infligir maior dor, muito utilizado para fazer com que os escravizados trabalhassem mais rápido. Em grego, a palavra utilizada para trabalho é “pónos” que significa pena, sofrimento.

Todo esforço humano empregado numa produção é classificado como trabalho, e pode ser utilizado sob três formas: voluntário, remunerado ou escravo. Qualquer espécie de produção exige um esforço, seja ele físico ou mental. Numa visão bíblica, o homem não foi concebido para despender esforços na satisfação de suas necessidades, o que só aconteceu em razão da queda moral, conforme registrado no livro de Gênesis, capítulo 3, verso 19, que assim diz: “… com o suor do teu rosto comerás o teu pão, até que retornes à terra”. Clésio Guimarães Desta forma, desde os primórdios, toda obra ou intervenção, em qualquer ambiente, exige um sacrifício. Um fato curioso é o que envolve os brasileiros que migraram para o Japão, os “decasséguis”, onde o trabalho que executam é designado como “3K” (KKK), que se define como: Kitsui (penoso); Kiken (perigoso); Kitanai (sujo). Isso ocorre também em outros países, como nos Estados Unidos, onde brasileiros são submetidos e se sujeitam a atividades desgastantes.

O maior problema, quando se fala em trabalho, é provocado pelo capitalismo que vê a mão de obra como “capital humano”. Quando não atende mais aos objetivos dos negócios, o trabalhador é simplesmente descartado. O modelo utilizado pelo sistema bancário é prova inequívoca dessa prática. Há uma história interessante a respeito do valor de um trabalho: “Um motorista deixou a chave do seu veículo presa dentro do seu carro. Chamou um chaveiro e combinou o preço de duzentos reais. O profissional chegou e, com sua habilidade e conhecimento, em dois minutos resolveu o problema. O motorista, indignado, disse que não iria pagar, pois o tempo despendido para o serviço não justificava o valor cobrado, e que ele era um advogado pós- -graduado e não ganhava esse valor por minuto. Ato contínuo, o chaveiro jogou a chave para dentro do carro, trancou a porta e disse: ‘abra você mesmo’, e foi embora”.

Todo trabalho é digno e todo trabalhador merece ser respeitado e remunerado. Claro, como em todas as esferas humanas, existem os maus profissionais, mas são minorias. Uma frase atribuída a Albert Einstein (1879 – 1955) diz: “O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”.

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