O Equívoco da Superação dos Conhecimentos

O Equívoco da Superação dos Conhecimentos das Ciências Sociais Aplicados à Gestão das Organizações

A Teoria das Organizações fundamentalmente se assenta na economia, na antropologia, na ciência política, na psicologia social, na história, na filosofia e na lógica tanto quanto se vale das aplicações práticas da matemática, da estatística, da engenharia e das ciências da computação. Se vale também, sobretudo, da ciência do direito.

Hoje essa concepção original do estudo e das práticas da Teoria das Organizações se perverte e se torna secundária dia a dia. Há uma perda substantiva dessas disciplinas fundamentais para o adequado conhecimento, compreensão e diagnóstico da realidade das organizações em geral. Equivocadamente, hoje cada vez mais, na formação acadêmica, se consideram as contribuições das aplicações das ciências sociais ao mundo das organizações como um mero verniz cultural, à semelhança dos cursos de arte e de música, de trabalhos manuais e de desenho, como os que se praticam nos liceus para formar trabalhadores especializados. Alega-se e se pressupõe distorcidamente ser um verniz cultural, apenas um elemento acessório, quando, de fato, é o elemento essencial para a ação administrativa e gerencial.

Essa tendência se caracteriza pela excessiva valorização da razão, do progresso e do indivíduo, das métricas e do monitoramento, dos índices e dos indicadores como fins em si mesmos. A hipermodernidade configurada pela exacerbação do irracional da racionalidade instrumental, a realização do progresso tecnológico e econômico, a busca de realização dos resultados dos balanços a qualquer preço como matrizes e referências maiores da ação administrativa acabam por se transformarem em fatores de regressões sociais, com a perda da autonomia dos indivíduos cada vez mais dependentes dos ferramentais e das técnicas que se superam alucinadamente. A realidade descrita por Carlitos em “Tempos Modernos “hoje se repete no cotidiano das organizações. Nunca se falou tanto no trabalho em equipe, mas de fato se cobra desempenho do indivíduo; nunca se falou tanto em cooperação, empatia e colaboração, mas se destaca efetivamente os resultados a qualquer custo, mesmo que ao arrepio dos valores mais altos da humanização. Nunca se exaltou a pessoa como o diferencial competitivo das organizações, mas o ser humano continua secundário na cena organizacional, quando não manipulado, sujeito a toda a sorte de vicissitudes, de cinismo e de hipocrisia.

A chave do bom administrador: intérprete e operador das contribuições das ciências sociais aplicadas ao cotidiano das organizações. Só assim terá não só bons resultados como contribuirá decisivamente para a realização do ser humano no trabalho.

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