ESTRATÉGIA DE DECISÃO: a escolha da melhor alternativa
João Batista de Araújo Filho(*)
O grande incêndio que atingiu a TV GLOBO, no Rio, foi em 1976. O Jô
Soares estava na emissora ajudando a salvar fitas de videotape, quando um
repórter de jornal perguntou a ele :
– Se o senhor fosse o chefe dos bombeiros, o que mandaria tirar primeiro do
prédio?
O Jô nem pensou:
– O fogo! (1)
Um problema se nos apresenta já definido. A palavra definição em alguns idiomas
induz o tradutor a utilizá-la vernaculamente sem considerar uma análise sintáxica da mesma. O importante diante da apresentação de um problema é não se deixar trair por vieses que possam distorcer a maneira como o percebemos sensorialmente. Ou seja, buscando o cerne da questão, a “definição” do problema consiste na realidade, em “enxugarmos” o objeto real do problema e classificá-lo, atribuindo-lhe, ainda, uma conceituação quanto ao grau de importância a ser considerado no ambiente organizacional.
A busca por uma solução já nos impulsiona a garimpar, selecionar e fazer opções de
alternativas que, num primeiro momento, são diamantes brutos e precisam ser lapidados.
Quando o problema requer uma solução imediata exige do decisor experiência e intuição. Mas estas só são adquiridas com a prática. E encaminhar o problema para quem possui tais requisitos, não infere imperícia profissional. Ao contrário: esta já é uma decisão racional.
Eles, os problemas, estão aí. E aí? É necessário treinar como enfrentá-los acreditando
que “as soluções” estão “à procura dos problemas” (2).
Nas pesquisas de clima organizacional em diversas empresas, é muito utilizada a
técnica do questionário, por não ser necessário subtrair o colaborador de seu ambiente de tarefas e por preservar o anonimato. Entretanto, verifica-se que tais questionários, não trazem uniformidade de linguagem que possa atingir todos os níveis hierárquicos da organização, possuem excesso de opções para respostas às proposições, e as proposições não são padronizadas segundo um caráter afirmativo ou interrogativo.
Uma inovação é bem vinda quando proporciona conforto ao alvo que impacta. O que
se depreende da construção de muitos desses questionários, é a tentativa de adaptar as opções da Escala Likert(3) (discordo plenamente, discordo parcialmente, não concordo nem discordo, concordo parcialmente, concordo plenamente) às proposições desejadas – um retrabalho. Evitar-se-ia este retrabalho, se as proposições fossem construídas adaptadas para as opções Likert.
A Escala Likert é uma ferramenta importantíssima no auxílio ao decisor, pois permite
uma hierarquização das proposições, segundo a ótica da cultura organizacional. A tabela 1
abaixo exemplifica a seleção de seis alternativas A, B, C, D, E e F, às quais o estrategista
atribuiu os pesos de 6, 5, 4, 3, 2 e 1 respectivamente, segundo o grau de importância de cada uma para o decisor, antes da pesquisa no ambiente organizacional, cuja hierarquização da importância de cada uma dessas alternativas mostrou-se diferente nas pontuações Likert.
Tabela 1: Otimização de estratégia de decisão
ALTERNATIVA |
PESO |
PONTUAÇÃO (Likert) |
GRAU DE PRIORIZAÇÃO |
A |
6 |
2,12 |
12,72 |
B |
5 |
2,10 |
10,50 |
C |
4 |
3,20 |
12,80 |
D |
3 |
4,25 |
12,75 |
E |
2 |
4,00 |
8,00 |
F |
1 |
5,00 |
5,00 |
Fonte: elaboração própria.
Assim podem ser priorizadas as decisões a serem tomadas, reduzindo-se a
erro, conciliando-se os interesses segundo o comportamento organizacional.
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(*)Professor de Matemática (Registro nº LP9706296/DEMEC/MG) pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora – CES/JF (Juiz de Fora – MG) e Acadêmico de Administração (Matr. 2020150) da Universidade do Grande Rio Professor José de Souza Herdy – UNIGRANRIO (Duque de Caxias – RJ). Caixa Postal 95.036. Praça Bahia, nº 32. Santa Cruz da Serra. Duque de Caxias, RJ. CEP 25.255-970. Telefone: (21) 7145-7568. E-
mail: [email protected].
(1) OLIVEIRA SOBRINHO, J. B. de. O livro do Boni. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2011, p. 327.
(2) MENDONÇA, Eduardo Prado de. O Mundo Precisa de Filosofia. Rio de Janeiro: Agir, 1968, p. 195.
(3) Rensis Likert (1903 – 1981) foi um professor de sociologia e psicologia e diretor do Instituto de Pesquisas Sociais de Michigan. Durante mais de 40 anos, desenvolveu uma série de estudos sobre estilos de liderança e gerência, dedicando-se à realização de experiências e à análise de informações obtidas em experimentos de outros estudiosos, na tentativa de relacionar o sucesso alcançado por determinadas organizações com o sistema
de liderança e a política de gestão de pessoas por elas adotada. Disponível em Rensis_Likert. Acesso em 19 mar 2012.