Deepfake

Deepfake

DeepfakeO termo é relativamente novo, criado em função das novas tecnologias, mas sempre existiu sob oxutra roupagem. Deepfake é uma técnica que permite alterar um vídeo ou foto com ajuda de Inteligência Artificial (IA). Com ele, por exemplo, o rosto de uma pessoa que está em cena pode ser trocado pelo de outra; ou aquilo que a pessoa fala pode ser modificado. Corremos o risco de confundir uma notícia falsa com algo verdadeiro e vice-versa, além do grande perigo de líderes e políticos serem manipulados, o que certamente exigirá a necessidade de ser usado um sistema de checagem de fatos, ou mesmo leis contra fake news, para controlar pensamentos ou intensões políticas diferentes das suas, como acontece já em alguns países.

As imagens adulteradas são usadas comumente na política. Em 2019, a ex-presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, foi vítima de um deepfake baseado em um vídeo autêntico para sugerir que a representante democrata tinha dificuldades na fala em um discurso. O autor dessa fraude desacelerou o vídeo original e editou a fala para dar a entender que ela estava tropeçando em suas palavras. O conteúdo com esta desinformação teve ampla circulação nas redes sociais, provocando constrangimento para a deputada, e chegou a ser removido do YouTube.

Os próximos três meses que antecedem as eleições municipais no Brasil exigirão dos eleitores um cuidado especial para identificar e separar as notícias falsas das verdadeiras, e isto não é tarefa fácil, pois as falsas, como “fogo no mato”, espalham- -se sem controle, e o desmentido não tem a mesma repercussão da primeira notícia.

Mas a vida real, fora do ambiente digital, nos tem revelado um lado fake (falso) em que muitos protagonistas, de “cara limpa”, apresentam-se como outros, ou se transvestem de Clésio Guimarães personagens como se verdadeiros fossem. A sociedade tem produzido muitos figurões que vivem uma irrealidade ao quererem ser o que não são. Pepe Mojica, ex-presidente do Uruguai, é autor de uma frase curiosa: “O pior inimigo do pobre é outro pobre que se acha rico e que defende aqueles que os tornam pobres”.

É interessante observar o comportamento dos seguidores de algumas denominações religiosas que incorporam a fala, as vestimentas e os gestos de seus líderes; correligionários de políticos que assimilam comportamentos e trejeitos de seus chefes. Há até um ditado que diz que donos de animais de estimação, com o passar do tempo, ficam parecidos com seus bichinhos. Se na vida real isto acontece, imagine no meio virtual com manipulação de voz e imagem!

Fato é que há motivo real de preocupação. Ainda que o alvo principal da comunidade em torno da ferramenta sejam pessoas públicas, nada impede que alguém realmente mal-intencionado pegue um vídeo de uma pessoa comum e a coloque em uma situação constrangedora. Como se proteger? Simples: não ser famoso, não ser político em evidência, não ter inimigos, não ostentar socialmente, não ser ninguém!

Curioso é que há aproximadamente 70 anos o filósofo gaulês Bertrand Russel (1872 – 1970), já dizia: “A maioria dos maiores males que o homem infligiu ao homem veio do fato de as pessoas se sentirem bastante certas de algo que, na verdade, era falso”. Em que pese o hiato temporal, ele estava absolutamente certo.

Vai chegar o dia em que ao olharmos nossa imagem no espelho teremos que perguntar: “será que você sou eu mesmo?”.

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