ACUMULAÇÃO PERVERSA

ACUMULAÇÃO PERVERSA

A relação entre o capital e o trabalho nas organizações, hoje em dia, deve ser objeto de muita preocupação e análise por parte dos administradores, na opinião do presidente do CRA-RJ, Administrador Wagner Siqueira. Segundo Wagner, é muito simplória a afirmação de que o capital cria riqueza. “Na verdade dinheiro acumulado não cria coisa alguma, o que realmente cria riqueza é o trabalho”, afirma o administrador.

P — Que papel o Sr. atribui aos acionistas nesse mundo organizacional moderno?

WS — Não é correto dizermos que com o dinheiro investido por eles é que as organizações crescem e prosperam. Somente uma parcela mínima desse capital vai para a empresa. A maior parte se destina à especulação financeira. Os investimentos em ações só beneficiam as organizações quando são feitas novas subscrições, o que é normalmente um fato bem raro.

P — Isso acaba desembocando na má distribuição da riqueza, que começa nas organizações e chega ao país como um todo?

WS — Sim. E a má distribuição das riquezas é apenas um sintoma, como febres e calafrios de uma economia pervertida que definitivamente não está a serviço do bem comum. As organizações estão colocando todo o foco na garantia de lucros crescentes para os acionistas, pouco se importando com quem paga para eles terem tantos privilégios.

P — Em que o Sr. entende que as organizações modernas devem balizar suas atuações?

WS — O ideal seria que as organizações pertençam às pessoas que nelas trabalhem, em que dos conselhos diretores seja requerido um exercício amplo de obrigações fiduciária por parte de todos os que contracenem com a empresa.

P — Como o Sr. exemplifica esse contraste existente entre capital e trabalho nas organizações?

WS — Quando afirmamos que uma organização se houve muito bem, analisando o balanço que apresenta, significa dizer que seus acionistas tiveram bons ganhos. Mas nos esquecemos de levar em consideração que muitas vezes isso se deu em meio à perda de empregos e de renda de seus colaboradores. Essas mazelas não aparecem nos ditos balanços sociais, tão em moda atualmente. 

P — Como fugir desse modismo tão prejudicial às empresas e ao país?

WS — Só com a tomada de consciência de que o grande gerador de riqueza nas organizações é o trabalho. E que em torno dele é que as empresas e a sociedade devem se organizar.  Uma pilha de dinheiro não cria riqueza, apenas gera mais dinheiro.

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