Percepção dos estudantes de Administração e suas perspectivas profissionais: um panorama em 2024

O ensino superior brasileiro segue em expansão e transformação, marcando o ano de 2024 com aproximadamente 10 milhões de matrículas em cursos de graduação, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP, 2025). Uma característica fundamental desse cenário é a significativa presença da modalidade a distância (EaD), que concentra 50,7% do total de matrículas. Tal tendência evidencia a crescente adoção de formatos flexíveis e digitais, impactando diretamente a formação acadêmica e a inserção dos jovens no mercado de trabalho.

Dentre os cursos de graduação, Administração destaca-se como um dos maiores em número de estudantes matriculados, tanto na modalidade presencial quanto no EaD.

A seguir, apresenta-se uma tabela demonstrativa dos cursos com maior número de matrículas no Brasil, considerando separadamente as modalidades presencial e a distância.

Curso Matrículas – Presencial Matrículas – EaD
Pedagogia 154.442 733.253
Administração 214.639 438.487
Direito 652.960
Sistemas de Informação 157.576 262.903
Educação Física 303.939 226.432

Fonte: Censo da Educação Superior 2024

No contexto atual do ensino superior brasileiro, marcado pela expansão da modalidade a distância, pela ampliação do acesso e pela alta competitividade no mercado de trabalho, os estudantes de Administração constroem suas percepções profissionais de maneira cada vez mais estratégica. Eles reconhecem que a graduação em Administração oferece um leque amplo de possibilidades de atuação, abrangendo desde setores tradicionais até novos campos emergentes impulsionados pelas transformações digitais.

Por um lado, há confiança na capacidade de inserção profissional, uma vez que empresas de todos os portes demandam gestores capazes de lidar com desafios organizacionais, financeiros, tecnológicos e humanos. Por outra vertente, cresce também uma preocupação com a diferenciação: os estudantes compreendem que somente o diploma não garante competitividade, sendo fundamental o desenvolvimento de competências complementares — como domínio de tecnologias, análise de dados, comunicação, trabalho em equipe e inovação.

Esse cenário fortalece uma mentalidade de aprendizado contínuo, com maior busca por certificações, estágios, projetos práticos e networking. A cultura organizacional orientada à transformação digital influencia diretamente as expectativas dos alunos, que passam a enxergar:

  • Flexibilidade profissional: possibilidade de atuar em diversas áreas, setores e modelos de trabalho híbridos/remotos;
  • Empreendedorismo e intraempreendedorismo como caminhos crescentes de carreira;
  • Tecnologias emergentes (IA, automação, Business Analytics) como ferramentas essenciais do gestor moderno;
  • A importância de desenvolver soft skills para liderar pessoas em ambientes complexos e dinâmicos.

Assim, a percepção predominante é de otimismo cauteloso: há muitas oportunidades, mas o sucesso profissional dependerá do esforço contínuo em destacar-se, atualizar-se e construir uma trajetória marcada por experiências práticas significativas.

Em síntese, os estudantes de Administração se veem diante de um futuro profissional promissor, porém mais exigente e globalizado — um ambiente em que a versatilidade profissional, a criatividade e a capacidade de adaptação se tornam tão importantes quanto os conhecimentos técnicos adquiridos na graduação.

 Comparativo de Matrículas por Modalidade

Referências (ABNT)

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. Censo da Educação Superior 2024.
INSTITUTO SEMESP. Mapa do Ensino Superior no Brasil – 14ª edição, 2024.
CNN Brasil. Pedagogia e Direito são os cursos com mais alunos matriculados no Brasil (2024).

*Adm. Jucimar Secchin é diretor de Educação, Estudos e Pesquisas do CRA-RJ. Possui mestrado em Economia e Gestão Empresarial pela Universidade Candido Mendes, especialização em Administração de Recursos Humanos Feap/Feso e graduação em Administração pelo Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso), onde é professor titular e atua há 32 anos. 

 

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