O dilema na formação do gestor educacional
Nas últimas décadas, delineia-se um novo modelo social que obriga as empresas a se escolarizarem, e as Escolas a se “empresariarem”, com vistas a acompanhar os novos tempos. A Escola, enquanto instituição do saber e da academia, deve ser vista como organização, se planejar e criar estratégias que levem aos seus objetivos. É necessário que a instituição educacional assuma a ideia de centro do saber e do intelecto, e se coloque, também, como prestadora de serviços que, apesar de produzir bens simbólicos, também serve à população e à comunidade em que se insere.
A visão romântica de que a escola jamais teria, em seus objetivos, o lucro ou o ganho financeiro terminou. Nos novos tempos, nem a escola pública pode-se furtar a buscar projetos e ações que promovam arrecadação de financiamento externo, para, até mesmo, custear suas pesquisas, sua produção acadêmica e todas as suas atividades-fim. Foi-se o tempo em que o poder público poderia arcar com todas as necessidades das instituições educativas e universidades estatais.
O momento é outro, as dificuldades se avolumam, os cortes de verba e o baixo investimento educacional são fatos. Buscar um novo desenho administrativo para a instituição escolar é premente. No novo modelo administrativo da organização escolar, não basta ser professor para dirigi-la, é preciso mais que isso. Deseja-se, até mesmo, exige-se um gestor, um gerente de ensino, com largos conhecimentos educacionais, mas também com sólidos conhecimentos administrativos, sabendo empreender à escola um novo passo, um ritmo que acompanhe a realidade do mundo, em que se vive e a dinâmica de mercado.
Como se sabe, atualmente, não basta ter o dinheiro, não basta apenas possuir conhecimento fragmentado de uma área, para produzir trabalho competente, há a necessidade de uma formação holística, polivalente e interdisciplinar que congregue vários e diversificados conteúdos e conhecimentos, bem como habilidades e atitudes.
Quem administra uma instituição educacional trabalha com seres humano que, ao mesmo tempo, recebem um serviço, dado ao seu caráter de efetivação, mas também promove a construção de uma produção simbólica de difícil mensuração, principalmente, no que tange à avaliação da qualidade e da competência de formação.
Aqui está posta uma questão a ser resolvida pela própria instituição escolar e pelas instituições de formação em gestão. Nas instituições de ensino superior, universidades e escolas em geral a necessidade de profissionais mais preparados é vital. Ser professor não basta para gerir uma escola, um curso, uma instituição educacional, e o administrador não conhece as especificidades de uma organização educacional. Há de se formar profissionais que possuam competências educacionais, assim como competências na área da Administração simultaneamente.
*Adm. Ana Shirley de França Moraes é conselheira do CRA-RJ e coordenadora da Comissão Especial do Trabalho e Empregabilidade do CRA-RJ.