Sustentabilidade

Como ir além quando se fala de Sustentabilidade Corporativa

Não é novidade que investidores de todos os tipos têm focado bastante no cuidado e prevenção de assuntos de caráter reputacional. Destes que podem acarretar escândalos de corrupção —  essa pauta sempre esteve e estará em voga, impulsionada em parte pelos acontecimentos no meio político tão veiculados pela mídia. Por isso, vimos o crescimento vertiginoso das áreas de compliance nas organizações, sobretudo dentro de médias/grandes companhias. Consequentemente, até pouco tempo, a principal área de interesse para investidores era a governança corporativa.

Esse prisma, todavia, começa a evoluir e empresas que antes não consideravam questões ambientais e sociais em seus planos podem se submeter a impactos negativos imediatos, como por exemplo a Vale que extrapola o quesito ambiental e atinge também o social — famílias desabrigadas, pessoas desempregadas. O mercado exige empresas mais sustentáveis, o público tem uma visão mais apurada, o famoso greenwashing (fingir ou exagerar para parecer sustentável) não tem mais tanto espaço. Nesta ótica, uma decisão de investimento precisa considerar várias vertentes, como: Faz bem para o planeta? Contribui para a sociedade ao meu redor? E não basta mais o pensamento cartesiano do ROI/Payback como outrora.

Em franco crescimento, a adoção de fatores ambientais, de governança e sociais (em inglês environmental, social and governance ou, simplesmente, “ESG”) nas decisões de investimento torna-se uma tendência global entre investidores, gestores e demais atores do mercado.

Unimos então: mercado mais exigente — concorrentes fazendo o dever de casa, medidas legais mais severas para empresa poluidoras, clientes com visão mais crítica. A pesquisa do Instituto Akatu ,de 2018, só corrobora: 59% dos entrevistados acham que as empresas deveriam fazer mais do que está na lei para trazer outros benefícios à sociedade. Sendo assim, fica a pergunta “Como fazer minha empresa/negócio ir além quando se fala em sustentabilidade corporativa? ”

Sustentabilidade não se faz nas mesas de reunião somente: Quem nunca ouviu a máxima de que no ppt tudo fica lindo? A estratégia pode vir do alto escalão, mas se não for fruto do envolvimento dos gerentes de nível médio, que tocam a operação, ouvindo a equipe de base, terá poucas chances de engajamento real dos colaboradores, aquele sentimento de cultura e sentido que realmente move as pessoas. Um bom exemplo são empresas que desafiam seus times de base a trazerem soluções sustentáveis para o negócio, reconhecendo e até premiando as melhores iniciativas.

É preciso criar uma cultura de sustentabilidade: É sempre bom levar as pessoas ao entendimento que sustentabilidade está em tudo que eles fazem na empresa, desde a clássica separação do resíduo para reciclagem, até a forma de envolvimento das pessoas em projetos sociais na comunidade ao redor, passando pela contribuição do exemplo que estes colaboradores dão para seus filhos em casa, e isso só se faz com muito esforço, treinamento e principalmente exemplo. Comemorar e fazer uma ação para o dia do Meio Ambiente é positivo, mas se periodicamente a equipe se reúne para discutir temas voltados para a sustentabilidade, planeja, participa de treinamentos e iniciativas além de implantar soluções sustentáveis para o seu cotidiano, sua empresa irá além.

Construa uma cadeia de fornecedores com valores sustentáveis: Para se destacarem em um mercado mais alinhado com causas sociais e ambientais — e por competitividade –, as empresas passaram a buscar parceiros e fornecedores engajados em um mesmo propósito. Não é fácil, mas sempre que possível escolha parceiros que compartilhem de valores e visão de sustentabilidade similares ou mais altos que os seus. Essa influência é benéfica para ambos.

Em resumo, a sustentabilidade para agregar valor de verdade ao seu negócio precisa ser pensada desde a estratégia, tornar-se uma prática diária com gente engajada, e resultar em benefícios para todos stakeholders, incluindo a sociedade ao seu redor.

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