Mapa do Rio ou Armadilhas?
No mês passado, a Secretaria de Estado de Transportes lançou o Mapa Rio Metropolitano de Transportes, através da Resolução 1.328 de 27 de novembro de 2018. Com isso, foi padronizada a visualização dos meios de transporte de alta e média capacidade e as possíveis integrações entre eles. As operadoras geridas pelo poder estadual foram obrigadas a inserir o mapa em locais visíveis nos modais, em estações e terminais de transporte público.
Pude constatar a presença desses mapas em estações da SuperVia e do Metrô Rio, modais que utilizo diariamente. Realmente, tenho que parabenizar a iniciativa do Governo do Estado, pois amplia a visão do usuário e do turista referente à rede de transporte público disponível na Região Metropolitana. Isso o empodera para tomar melhores decisões em seus deslocamentos.
A padronização das informações também é bem-vinda porque cada operador diagramava a rede e suas possíveis interligações de uma forma. Esta medida ressalta as conexões entre os vários modais, incentivando o uso dos meios de transporte de massa. Porém é uma pena perceber que ele foi concebido com alguns equívocos, já que obtive a versão mais atualizada do mapa no site do órgão e verifiquei algumas inconsistências.
Para não deixar algumas cidades de fora, e por elas não contarem com modais de média ou alta capacidade, foram citadas ligações feitas por ônibus com origem nestes municípios até estações de barcas e trens. É o caso de Seropédica, por exemplo, que só dispõe do modal ônibus e foi interligada às estações de trem de Campo Grande, na capital fluminense, e de Paracambi. Mas de lá partem ônibus para o Castelo, para a Central do Brasil e para a estação de metrô de Coelho Neto.
Ainda tomando esta cidade como exemplo, outro detalhe importante é que o mapa não informa quais linhas de ônibus fazem o trajeto Seropédica x Campo Grande e Seropédica x Paracambi. Notei também que, em outras interligações deste tipo, também não é sugerida uma linha de ônibus: caso dos municípios de Cachoeiras de Macacu, Itaboraí, Itaguaí, Maricá, Rio Bonito, São Gonçalo e Tanguá.
Com relação ao sistema BRT (Bus Rapid Transit), o traçado no mapa dá a entender que o principal terminal do sistema é o Jardim Oceânico porque, segundo o que consta lá, há partidas para todas as extremidades dos corredores. Na verdade, a estação citada recebe serviços dos três corredores expressos, porém eles vão até certo ponto e não até a última estação. Ou seja, não há partidas do Terminal Jardim Oceânico até Santa Cruz, Vila Militar, Ilha do Fundão ou Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão).
O mesmo erro ocorre no Terminal Recreio, pois ele pertence ao Corredor BRT TransOlímpica e recebe um serviço do Corredor BRT TransCarioca. No entanto, esse trajeto citado vai apenas até o Terminal Paulo da Portela, localizado em Madureira, e não até o Terminal Fundão ou a estação Galeão II.
Outro ponto que me chama atenção é a integração do Corredor BRT TransCarioca com o ramal Gramacho da SuperVia. No mapa, esta possibilidade foi sinalizada nas estações da Penha de ambos os modais. Entretanto, as estações mais próximas fisicamente destes mesmos corredores são as que estão localizadas em Olaria. Quem não conhecer muito o bairro recomendado pode acabar se perdendo, diferentemente do que sugeri em que as estações são visíveis para quem desembarca do trem ou do BRT.
Se o que informei no parágrafo anterior for desconsiderado, outras possibilidades de integração deverão ser sinalizadas, como é o caso das estações do Metrô e da SuperVia localizadas em Del Castilho. Elas são próximas, mas, em nenhum diagrama de rede das operadoras citadas, elas são destacadas como uma opção de transbordo.
Poderia continuar apontando outras imperfeições neste mapa, mas o que me preocupa mais é que vivemos em uma cidade perigosa e informativos como esse evitam que usuários do transporte público e turistas fiquem em situações de risco. Por isso, devem ter o mínimo de erros possíveis, de forma que esta ferramenta passe segurança a quem for acessá-la.