Dia Mundial da Saúde: desafios globais e o papel estratégico do administrador na saúde brasileira
O dia 7 de abril celebra-se o Dia Mundial da Saúde, instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um convite à reflexão sobre o direito à saúde, o acesso universal e os desafios enfrentados pelos sistemas de saúde ao redor do mundo — principalmente após os impactos da pandemia e das transformações sociais, econômicas e tecnológicas que continuam em curso.
📊Onde estamos? Comparando o Brasil com o mundo
O Brasil possui o SUS – Sistema Único de Saúde, considerado um dos maiores/melhores sistemas públicos de saúde do mundo, com cobertura para mais de 190 milhões de pessoas (Ministério da Saúde, 2024). No entanto, enfrentamos sérios desafios estruturais, como:
• Subfinanciamento: o investimento per capita em saúde no Brasil é de aproximadamente US$ 1.000/ano, enquanto a média da OCDE ultrapassa os US$ 4.000/ano (OECD, 2024);
• Déficit de profissionais e infraestrutura em regiões remotas;
• Baixa digitalização e integração entre os serviços de saúde;
• Longas filas e tempo de espera elevado em consultas e procedimentos especializados.
🗺️No mundo, a situação também é desafiadora:
• Mais de 2 bilhões de pessoas vivem sem acesso adequado a serviços básicos de saúde (OMS, 2024);
• A transição demográfica, com o envelhecimento da população, aumenta a pressão sobre os sistemas públicos e privados;
• Países com sistemas, essencialmente, privados enfrentam dificuldades de cobertura e acesso para populações vulneráveis.
E a saúde complementar? Um setor que também enfrenta desafios
A saúde complementar, que inclui planos de saúde e serviços privados, atende cerca de 25% da população brasileira, o que representa cerca de 51 milhões de beneficiários (ANS, 2024).
Apesar de ser uma opção mais ágil e, em muitos casos, tecnologicamente mais avançada, também enfrenta desafios relevantes:
• Aumento dos custos assistenciais, impulsionados pelo envelhecimento da população e incorporação de novas tecnologias;
• Judicialização da saúde, que pressiona operadoras a cobrir procedimentos não previstos nos contratos;
• Reajustes nos planos, tornando-os inacessíveis para parte da população;
• Necessidade de maior integração com o SUS, especialmente em situações emergenciais e regulação de leitos.
Segundo a ANS, o setor suplementar representa 30% dos gastos com saúde no Brasil, mas atende apenas 1/4 da população, o que acende um alerta sobre a sustentabilidade desse modelo a longo prazo.
No setor privado, a adoção de modelos de remuneração por valor, gestão de risco populacional e o uso de Big Data estão transformando a maneira de cuidar e gerenciar a saúde.
O papel do administrador: eficiência, inovação e impacto
O administrador hospitalar ou gestor de saúde é peça-chave na busca por soluções para os desafios de ambos os setores – público e privado. Sua atuação é estratégica para garantir eficiência operacional, qualidade no atendimento, controle financeiro e inovação tecnológica.
Principais desafios enfrentados na gestão:
Possíveis soluções estratégicas sob a ótica do Administrador:
• Gestão baseada em dados e indicadores de desempenho (KPIs)
• Implantação de tecnologia e automação hospitalar;
• Parcerias público-privadas com planejamento e transparência;
• Capacitação contínua das equipes e lideranças;
• Fortalecimento da atenção primária à saúde (APS);
• Integração entre SUS e saúde suplementar, promovendo coordenação e compartilhamento de responsabilidades.
Investimento em saúde per capita (Brasil: US$ 1.000 | Alemanha: US$ 6.700 | Reino Unido: US$ 4.500):
Fontes e Referências:
• Organização Mundial da Saúde (OMS) – https://www.who.int
• Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – https://www.gov.br/ans
• OECD Health Statistics 2024 – https://www.oecd.org/health/healthstatistics.htm
• Ministério da Saúde – DATASUS – https://datasus.saude.gov.br
- Big Data, uma área do conhecimento com o intuito de estudar maneiras de tratar, analisar e gerar conhecimento através de grandes conjuntos de dados que não conseguem ser trabalhados em sistemas tradicionais.
- OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é um fórum e centro de conhecimento para dados, análises e melhores práticas em políticas públicas.
*Adm. Fatima Ribeiro – Coordenadora da Comissão Especial de Administração em Serviços de Saúde do CRA-RJ