Labirinto
Conjunto de percursos intricados, criados com a intenção de desorientar, confundir quem os percorrem, assim é um labirinto. Na mitologia grega encontramos o relato da existência do “Labirinto de Creta”, que teria sido construído por Dédalo para alojar o Minotauro, monstro metade homem e metade touro, a quem eram oferecidos regularmente jovens para serem devorados. Segundo a lenda, Teseu conseguiu derrotá-lo e sair do labirinto, graças ao fio de um novelo de linha que lhe foi dado por Ariadne, o qual foi sendo desenrolando ao longo do trajeto que ia percorrendo, o que lhe possibilitou encontrar o caminho de volta. Se assim não fosse feito, ele também estaria fatalmente condenado a permanecer no labirinto. Na tradição dos alquimistas, ele representa as aflições e desafios que os novatos precisam enfrentar para alcançar a depuração espiritual e conquistar a perfeição. Jorge Luís Borges (1899 – 1986), escritor e contista argentino, autor do poema chamado “labirinto”, diz em um dos versos: “Não esperes que o rigor do teu caminho/Que fatalmente se bifurca em outro/Que fatalmente se bifurca em outro/ Terá fim. É de ferro o teu destino”. Ele via o mundo como um labirinto do qual é impossível fugir, pois seus caminhos são desorientadores e ilusórios. Assim é um labirinto, um caminho que leva a outro caminho, que não leva a lugar nenhum. O cinema explorou este tema com a produção de várias películas com enredos intricados e complexos, como no filme “O labirinto de Fausto”. Mas é na realidade que encontramos situações semelhantes a um labirinto, onde não se encontram saídas e vive-se numa peregrinação sem fim. Caso do Brasil, estigmatizado por governos difusos. Na administração pública brasileira o princípio da continuidade vem sendo sistematicamente ignorado. Por isso tantas obras paradas, tantos serviços Clésio Guimarães descontinuados, tantos caminhos interrompidos por conta da vaidade e prepotência da maioria dos políticos que assumem o poder nas suas três esferas (municipal, estadual e federal). É como se estivéssemos em um labirinto, onde um caminho é abruptamente interrompido. Ficamos andando a esmo, sem saída, sendo que, no final, quem arca com as consequências é o povo. A ausência de um planejamento robusto, consistente, contínuo, faz com que andemos em círculo, sempre chegando ao mesmo lugar. Há falta de comprometimento com o que é público e excesso de cuidado com o privado e pessoal. É a explicação que temos para nos encontrarmos na situação em que estamos. Na gestão pública, quando se deseja realizar qualquer projeto, é necessária uma previsão no Plano Plurianual (PPA), inclusão no orçamento anual, realização de uma licitação e provisionamento de verbas para sua execução. Mas o que vemos? Obras ficam pelo meio; recursos acabam antes da obra finalizada; entrega de produtos inferiores ao licitado, entre outros. Em 1941, Stefan Zweig (1881 – 1942), escritor e romancista austríaco, radicado no Brasil, lançou um livro com o título: “Brasil, país do futuro”, obra que acabou por se revelar controversa diante da realidade política dominante. Daquela data até hoje vemos que nada mudou. Muito pelo contrário, nosso labirinto está mais embaraçado. Cresci ouvindo que o Brasil é o país do futuro. Mas que futuro tão distante, que nunca chega! Lembro-me de uma frase que vi em um estabelecimento comercial que dizia: “Fiado só amanhã”. No dia seguinte ia lá, e novamente, “Fiado só amanhã”. Salomão, autor do livro bíblico de Provérbios, assim escreveu:
“Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim são os caminhos da morte (14:12)”