Eficiência x eficácia: um dilema ou falta de entendimento?
O motivo de um texto sobre esta temática reside no fato de, ainda hoje, algumas empresas e gestores não se atentarem para o fato de que Administração não está ligada somente ao aumento de faturamento no final do mês. Há muito mais em jogo e, a falta de entendimento dos conceitos de eficiência e eficácia, podem levar as empresas a um subdimensionamento da sua satisfação pela falta da compreensão da aplicação desta administração no dia a dia organizacional.
Muitas vezes vemos abordagens estratégicas equivocadas, formatadas clara e exclusivamente aos resultados das vendas e ao faturamento. Não que o faturamento não seja importante, mas cumpre lembrar que ele é apenas um dos fatores da equação.
Os conceitos de eficácia e eficiência se traduzem em base de relativização das ações administrativas e correspondem ao alcance dos objetivos empresariais mais amplos em essência. A eficácia está ligada diretamente aos resultados, aos fins e, a fim de exemplificar o conceito, poderia trazer as metas de vendas de uma determinada instituição para um determinado ano. A eficácia está ligada diretamente aos processos, aos meios e, a fim de exemplificar o conceito, poderia trazer todo o gasto de insumos – desde pessoas, matéria-prima, degradação ambiental, energia etc. — utilizados para se atingir a eficácia acima.
Note que, se buscarmos entender a fundo os conceitos acima, compreenderemos que as duas variáveis — eficiência e eficácia — são independentes em realização e medida, mas se tornam interdependentes quando pensamos no final da equação: Lucro = Faturamento — Custos; neste ponto, compreenderemos que os resultados podem ser duramente castigados quando os gastos com os insumos são colocados em segundo plano e, muitas vezes, ignorados.
Fica claro então o entendimento que podemos ter, por exemplo, um processo ajustado e bem definido e não conseguirmos entregar os resultados.
Podemos ter os resultados entregues, mas o processo ser inadequado, gerando mais desperdícios. Podemos não entregar o resultado e ainda termos processos inadequados — a pior das situações — e, por fim, podemos entregar os resultados e ter processos ajustados com menores gastos possíveis. Neste último caso, dir-se-ia popularmente “Céu de brigadeiro”.
A questão é, o quanto já se perdeu de capacidade de reinvestimento, crescimento e desenvolvimento organizacional nos desperdícios diários, por vezes mascarados pela entrega dos resultados como foco único e exclusivo?!
Certa vez em conversa com um empresário ouvi que a empresa estava satisfeita pois tinha entregado a previsão de lucros a serem distribuídos aos acionistas e, portanto, estava tudo ok. Será que estava mesmo? Será que os acionistas ficariam satisfeitos se soubessem que, a despeito de terem lucrado o previsto, poderiam ter tido ganhos acima se as operações fossem mais eficientes?
A questão central aqui não é deixar de focar os resultados… jamais! O administrador agrega valor aos seu trabalho, pois entende a necessidade de buscar a eficácia com eficiência. Alguns chamam a melhor obtenção de eficiência e eficácia somadas, de efetividade.
Por fim, cumpre lembrar que em um mundo onde as organizações e os mercados convergem para um certo nivelamento tecnológico, comportamental e existencial, a busca por estratégia e táticas que facilitem as operações e se traduzam em diferenciais que permitam às organizações competirem mais e de forma mais perene, constituem importante ativo gerencial-institucional e, de forma nenhuma, podem ser relegados a segundo plano.
Entregue resultados e tenha processos ajustados! Como se argumenta na literatura de administração, não basta ganhar o jogo! Ganhe o jogo, jogando bem! Dê espetáculo!