Entre evolução e escolhas: a realidade da Administração atual
A inovação é o apanágio da evolução do homem ao longo da sua história. Assim, as atuais inovações alucinantes que vivemos marcam essencialmente teorias, conceitos e práticas de Administração.
A racionalidade substantiva, a ética de convicções e o respeito à dignidade humana nas relações de trabalho tendem a se esvair em contextos organizacionais, em que o cálculo utilitário passa a ser referência dominante para a ação gerencial.
Os valores permanentes da vida humana se tornam prisioneiros, reféns da racionalidade instrumental, da busca obsessiva por resultados, da necessidade imperiosa de cumprimento das metas.
As teorias da Administração precisam estar alertas para não se prestarem ao serviço de legitimação de iniquidades que atingem o ser humano moderno. É preciso romper o círculo de ferro intelectual que nos circunscreve exclusivamente a um único modelo, focado e centralizado no mercado. Restaurar o que a sociedade de mercado deformou e até destruiu: os elementos permanentes da vida humana.
Para tanto, é preciso estimular a formulação de uma nova Teoria Geral de Administração, que escape da caixa de aprisionamento do pensar e agir circunscrito à realidade da nova sociedade de mercado, imposta por inovações tecnológicas impensáveis realizadas cotidianamente.
E para chegar a esse momento, é fundamental que o profissional aprenda a pensar a sua realidade no sentido de a transformar. Ele precisa aprender a aprender, precisa superar a sua incapacidade treinada para fazer e aprender a pensar o que e como fazer.
Assim, todas as áreas técnicas são importantes e necessárias e, ao mesmo tempo, podem ser repentinamente desvalorizadas, ou para ganharem maior projeção, tudo em decorrência de tecnologias emergentes inesperadas.
Aquele que desenvolve uma postura intelectual restrita a uma área momentaneamente mais promissora, porque está restrita ‘à tecnologia existente’, é levado a identificar-se com os aparatos e máquinas, a mitifica-los e sacraliza-los.
Todas as áreas de Administração são promissoras ou não, dependendo do quadro de circunstâncias em que se vive num determinado momento. A trajetória mutante do profissional ao longo de sua vida precisa fazê-lo estar intelectual e psicologicamente pronto para a diversidade em que vivera, superar a cultura tecnicista que instrumentaliza os indivíduos, e não mais os forma. Em verdade, os deforma.
A escolha da área promissora deve ser aquela em que mais se ajuste à realidade de cada um, com a qual mais se identifique num determinado momento, pois todas podem igualmente realizar um profissional.
Adm. Wagner Siqueira
Presidente do Conselho Federal de Administração e Conselheiro Federal pelo Rio de Janeiro