teorema

Teorema

TeoremaNos meus tempos de estudante, uma atividade que me aterrorizava, em uma prova de matemática, era resolver um teorema. Análises de várias probabilidades, para chegar a uma conclusão, demandavam cálculos e mais cálculos, para no final encerrar com as letras c.q.d – “como queríamos demonstrar”. O que me parecia, na época, uma chatice, hoje é um importante instrumento para planejamento, projeção de resultados, tomada de decisões e tirada de conclusões. Nessa linha, podemos definir um teorema como “proposições que possuem demonstrações e assim podem ser comprovadas como verdadeiras”. Existem mais de 400 teoremas versando sobre diferentes objetivos, como o famoso “Teorema de Pitágoras” e o “Teorema de Bayes”, que calcula a probabilidade de um evento poder ser realizado com segurança. Na atualidade, um interessante exercício seria calcular as chances de um candidato ser eleito, de fazer um bom governo, entre outras indagações. A importância de um teorema é permitir confirmar, matematicamente, uma teoria, partindo de vários pressupostos, o que nos leva a concordar com Albert Einstein (1879 – 1955), quando disse: “Mais cedo ou mais tarde, a teoria sempre acaba assassinada pela experiência”.

Um polêmico filme de 1968, com o título “Teorema”, que teve como diretor o consagrado cineasta Pier Paolo Pasolini (1922 – 1975), retrata a futilidade, o comodismo e a alienação da burguesia. Nele, um estranho chega a uma casa e desenvolve um relacionamento com os membros da habitação; pai, mãe, filho, filha e a empregada. Cada membro da família representa uma instituição e um segmento da sociedade italiana, que se degrada. Em que pese o lapso temporal, este filme pode muito bem representar a sociedade atual, ficando o estranho visitante como o representante do capitalismo, seco, cruel, insensível, que adentra no meio social e corrompe todos os segmentos, começando pela família, passando pela política, meio empresarial e culminando na igreja. Mas Clésio Guimarães não vamos ser injustos, culpando somente o capitalismo pelas mazelas desse mundo. A televisão, o rádio, os jornais, entram em nossas casas disseminando tudo o que tem de pior do lado de fora, desvirtuando as famílias; não menos destrutivas, as chamadas mídias sociais têm feito grande estrago nos hábitos da maioria das pessoas, pois ensinam de tudo, do bom e do pior. É o que chamamos de “modernidade em ebulição”.

De um autor desconhecido, temos o seguinte pensamento: “A matemática não nos ensina a adicionar amor ou subtrair ódio, mas nos dá as razões para acreditar que todos os problemas têm solução”. Sim, porque o que não tem solução, solucionado está, diz um ditado popular.

Machado de Assis (1839 – 1908), no seu romance “Quincas Borba”, descreve a Teoria do Humanitismo com o seguinte enunciado, que se transformou em um teorema: “Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. (…) Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.

Num outro viés, encontramos o “Teorema de Pixel” que tem o seguinte enunciado: “Quanto menor a foto, mais bonita a pessoa”. Isto pode ser comprovado mediante vários ensaios, reduzindo gradativamente as imagens. Em contrapartida, se aumentarmos a imagem gradativamente, expomos as imperfeições, analogicamente, prática muito utilizada em épocas de campanhas eleitorais.

Encerro com uma frase do escritor Alfredo Rossetti:

“Nossa vida é um teorema: a soma de nossas escolhas é igual a soma de nossas contas a pagar”.

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