Teorema

Um polêmico filme de 1968, com o título “Teorema”, que teve como diretor o consagrado cineasta Pier Paolo Pasolini (1922 – 1975), retrata a futilidade, o comodismo e a alienação da burguesia. Nele, um estranho chega a uma casa e desenvolve um relacionamento com os membros da habitação; pai, mãe, filho, filha e a empregada. Cada membro da família representa uma instituição e um segmento da sociedade italiana, que se degrada. Em que pese o lapso temporal, este filme pode muito bem representar a sociedade atual, ficando o estranho visitante como o representante do capitalismo, seco, cruel, insensível, que adentra no meio social e corrompe todos os segmentos, começando pela família, passando pela política, meio empresarial e culminando na igreja. Mas Clésio Guimarães não vamos ser injustos, culpando somente o capitalismo pelas mazelas desse mundo. A televisão, o rádio, os jornais, entram em nossas casas disseminando tudo o que tem de pior do lado de fora, desvirtuando as famílias; não menos destrutivas, as chamadas mídias sociais têm feito grande estrago nos hábitos da maioria das pessoas, pois ensinam de tudo, do bom e do pior. É o que chamamos de “modernidade em ebulição”.
De um autor desconhecido, temos o seguinte pensamento: “A matemática não nos ensina a adicionar amor ou subtrair ódio, mas nos dá as razões para acreditar que todos os problemas têm solução”. Sim, porque o que não tem solução, solucionado está, diz um ditado popular.
Machado de Assis (1839 – 1908), no seu romance “Quincas Borba”, descreve a Teoria do Humanitismo com o seguinte enunciado, que se transformou em um teorema: “Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. (…) Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.
Num outro viés, encontramos o “Teorema de Pixel” que tem o seguinte enunciado: “Quanto menor a foto, mais bonita a pessoa”. Isto pode ser comprovado mediante vários ensaios, reduzindo gradativamente as imagens. Em contrapartida, se aumentarmos a imagem gradativamente, expomos as imperfeições, analogicamente, prática muito utilizada em épocas de campanhas eleitorais.
Encerro com uma frase do escritor Alfredo Rossetti:
“Nossa vida é um teorema: a soma de nossas escolhas é igual a soma de nossas contas a pagar”.