Segurança do paciente e prevenção ao suicídio: A atuação do administrador em saúde frente às campanhas de setembro
O mês de setembro no Brasil é marcado por uma mobilização significativa no setor de saúde, apontado pela realização de duas campanhas importantes e complementares: o Setembro Amarelo, que enfatiza a prevenção do suicídio, e o Setembro Laranja, dedicado à segurança do paciente.
Essas iniciativas expressam um comprometimento coletivo da sociedade e dos serviços de saúde com a proteção da vida e a promoção do bem-estar, princípios também reforçados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
O foco do Setembro Laranja em 2025 é garantir cuidados seguros desde os primeiros dias de vida, abrangendo recém-nascidos e crianças, conforme destacado pela OMS para o Dia Mundial da Segurança do Paciente em 17 de setembro, sob o tema “Segurança do paciente desde o início!”. Tal atenção especial se justifica pela vulnerabilidade desses pacientes diante da complexidade dos procedimentos clínicos, riscos de erros na administração de medicamentos e das barreiras comunicativas inerentes à faixa etária.
Investir na segurança nesse contexto é fundamental para reduzir eventos adversos e diminuir a mortalidade infantil, considerada um dos principais desafios da meta 3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que busca assegurar saúde e bem-estar a todas as idades.
Frente a essa realidade, o administrador em saúde desenvolve papel estratégico ao implementar diretrizes internacionais e políticas públicas em ações concretas. Ele lidera a adoção de protocolos clínicos adaptados à realidade pediátrica, coordena o monitoramento sistemático e contínuo de indicadores de segurança e fomenta uma cultura organizacional aberta ao diálogo, transparência e aprendizagem decorrente de erros. O papel da liderança inclui alinhar equipes e promover a participação ativa de todos os profissionais na melhoria contínua da assistência, consolidando a segurança como princípio fundamental.
Em paralelo, o Setembro Amarelo sensibiliza para a urgência da prevenção ao suicídio, um problema de saúde pública que ocupa a segunda posição entre as principais causas de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil. Para a OMS, intervenções integradas e o fortalecimento das redes de apoio são essenciais para reverter esse quadro e promover a saúde mental, reconhecendo que a assistência humanizada é vital para o acolhimento dessas pessoas.
A atuação do administrador em saúde na prevenção ao suicídio é fundamental para organizar e coordenar políticas e programas que reforcem a rede de suporte, garantindo um atendimento humanizado. É seu papel promover a capacitação contínua das equipes para que possam identificar sinais precoces de risco e agir rapidamente com intervenções adequadas. Além disso, deve criar ambientes que favoreçam o acolhimento e ofereçam suporte emocional efetivo às pessoas em situação de vulnerabilidade.
A conexão entre segurança do paciente e prevenção do suicídio mostra a importância de uma abordagem integral na gestão da saúde. O administrador deve liderar essa integração, garantindo que equipes e serviços atuem na detecção precoce de riscos e no fornecimento de apoio especializado e acolhedor a pessoas vulneráveis.
Ambas as campanhas convergem para o compromisso global com o ODS 3, enfatizando que a construção de ambientes seguros e a promoção do bem-estar mental são cruciais para garantir vidas saudáveis e dignas. Nesse contexto, o administrador deve articular serviços que atendam às necessidades físicas, emocionais e sociais da população. Isso implica articular programas de capacitação para equipes, pacientes e familiares, estabelecer protocolos que assegurem acolhimento e intervenções precoces, assim como garantir acesso à informação e apoio emocional.
Além disso, compete ao administrador garantir os recursos humanos, tecnológicos e estruturais adequados, fortalecer a infraestrutura de saúde e assegurar o cumprimento das normas regulatórias e dos padrões internacionais de qualidade. Estabelecer comunicação efetiva entre profissionais, pacientes e familiares é essencial para construir vínculos de confiança e estimular a participação ativa no processo de cuidado.
Portanto, o gestor em saúde assume um papel central como agente integrador, que atua para traduzir políticas globais em práticas locais, liderando transformações que promovam a segurança e o bem-estar, e fortalecendo os sistemas de saúde para melhor servir à população.
Referências Bibliográficas
Brasil. Ministério da Saúde. Campanha Setembro Laranja destaca importância do papel exercido pelo paciente, familiares e cuidadores. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-sul/hu-furg/comunicacao/noticias/campanha-setembro-laranja-destaca-importancia-do-papel-exercido-pelo-paciente-familiares-e-cuidadores.
Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde). Segurança pela perspectiva do paciente. Revista Eletrônica Acervo Saúde, Brasília, DF, 25:e18805, 2025. https://doi.org/10.25248/reas.e18805.2025.
Espaço Opinião Administração. O papel do administrador na promoção da qualidade e segurança do paciente. Disponível em: https://espacoopiniao.adm.br/o-papel-do-administrador-na-promocao-da-qualidade-e-seguranca-do-paciente/.
Ministério da Saúde. Suicídio (Prevenção). Brasília: Ministério da Saúde; 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/suicidio-prevencao.
Organização Mundial da Saúde (OMS). Dia Mundial da Segurança do Paciente – 17 de setembro de 2025. Disponível em: https://www.who.int/news-room/events/detail/2025/09/17/default-calendar/world-patient-safety-day–17-september-2025–patient-safety-from-the-start.
Organização Mundial da Saúde (OMS). OMS revela tema para o Dia Mundial da Segurança do Paciente 2025: “Cuidados seguros para cada recém-nascido e cada criança”. Disponível em: https://ibsp.net.br/oms-revela-dia-mundial-da-seguranca-do-paciente-2025/.
*Adm. Thiago Fidélis de Sousa Furriel é membro da Comissão Especial em Administração de Serviços de Saúde do CRA-RJ.