Novembro Azul: conscientizar é um ato de gestão e de humanidade

Estudos nacionais indicam que os homens participam menos dos serviços de Atenção Primária à Saúde. A literatura científica destaca que, devido a preconceitos culturais sobre masculinidade, muitos evitam consultas e postergam exames essenciais. Ou seja, não se trata apenas da falta de informação, mas de uma barreira simbólica muito forte que ainda precisa ser superada.
O preconceito ligado à masculinidade dificulta o cuidado com a saúde dos homens, especialmente no caso do câncer de próstata, que é o segundo mais comum no Brasil. As diretrizes do Ministério da Saúde e do INCA recomendam que a decisão de fazer exames como o PSA seja tomada em conjunto entre médico e paciente, já que o teste não confirma o câncer, apenas indica alterações que podem não estar relacionadas a tumores. Assim, é importante superar os preconceitos para promover um cuidado consciente e responsável.
A Sociedade Brasileira de Urologia, seguindo evidências internacionais, recomenda que homens com maior risco, como os negros ou aqueles com histórico familiar, comecem a fazer avaliações mais cedo. Cada pessoa deve ser avaliada de forma individual, respeitando suas características.
Informações claras são essenciais para que os homens cuidem da saúde. A gestão em saúde tem papel vital ao garantir que essas informações cheguem de forma acessível, promovendo a conscientização, facilitando o acesso aos serviços e criando ambientes acolhedores. Isso incentiva o autocuidado, a prevenção e melhora a saúde dos homens de forma efetiva.
Empresas públicas e privadas podem criar ambiência, cultura e processos que favoreçam o cuidado real. Comunicação interna sem preconceito, linguagem não moralizante, campanhas sem reforço do machismo, abertura de horários para consultas sem perda salarial, disponibilização de conteúdos aos grupos de maior risco. Tudo isso é gestão aplicada à saúde, com base em ciência, e não em marketing superficial.
Novembro Azul não é um convite para fazer exame por fazer. É um convite a quebrar preconceitos que matam. É sobre fazer o que a ciência aponta: ouvir, orientar, dialogar e decidir junto.
Gestores que entendem isso deixam de reproduzir campanhas vazias e passam a liderar, de fato, uma mudança cultural: homens que cuidam de si, sem vergonha, sem estigma e com autonomia.
*MSc Adm. Thiago Fidélis de Sousa Furriel é integrante da Comissão Especial de Administração em Serviços de Saúde (CASS).

