A Tuberculose no Mundo, Brasil e Rio de Janeiro: Um Olhar Administrativo

Março é conhecido como o Mês de Combate à Tuberculose, e o dia 24 de março foi escolhido como o Dia Mundial da Tuberculose em referência à data em que o médico Robert Koch anunciou a descoberta do bacilo da tuberculose (Mycobacterium tuberculosis), em 24 de março de 1882. Essa descoberta foi essencial para o diagnóstico e tratamento da doença, representando um marco na história da medicina. O objetivo da data é aumentar a conscientização sobre a tuberculose e reforçar a importância de políticas públicas para seu controle e erradicação.

  1. Cenário Global da Tuberculose e o Papel da Administração

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a tuberculose voltou a ser a principal causa de morte por doença infecciosa no mundo, superando a COVID-19 em 2023. Dados atualizados indicam que:

  • 10,8 milhões de pessoas adoeceram de tuberculose em 2023;
  • 1,25 milhão de mortes foram registradas devido à doença;
  • A falta de financiamento para programas de combate à tuberculose afeta diretamente os avanços no tratamento e no diagnóstico.

Impacto Administrativo

Os gestores de saúde global enfrentam desafios como:

  • Falta de financiamento e investimentos: Países de baixa e média renda têm dificuldade em sustentar programas eficazes de tuberculose.
  • Baixa adesão ao tratamento: A interrupção do tratamento por parte dos pacientes resulta em formas resistentes da doença, aumentando custos e tempo de internação hospitalar.
  • Falta de infraestrutura: Hospitais e centros de diagnóstico muitas vezes não possuem equipamentos suficientes para testes rápidos e de qualidade.
  1. Cenário da Tuberculose no Brasil: Desafios e Estratégias de Gestão

No Brasil, a tuberculose continua sendo um problema de saúde pública. Dados do Boletim Epidemiológico de Tuberculose de 2024 do Ministério da Saúde apontam:

  • 80 mil novos casos registrados em 2023;
  • Coeficiente de incidência de 37 casos por 100 mil habitantes;
  • Fatores sociais e econômicos são determinantes, com maior prevalência em populações vulneráveis (pessoas em situação de rua, privadas de liberdade e portadoras de HIV).

Medidas Administrativas no Brasil

Para enfrentar o problema, o Brasil conta com o Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), que visa:

  1. Aprimorar o diagnóstico precoce: Ampliação do acesso a testes rápidos em unidades básicas de saúde e hospitais.
  2. Garantir o tratamento diretamente observado (TDO): Acompanhamento próximo dos pacientes para evitar abandono do tratamento.
  3. Integrar a gestão hospitalar e saúde pública: Criar redes de comunicação entre hospitais, unidades básicas de saúde e programas sociais.
  1. O Caso do Rio de Janeiro: Administração e Gestão no Combate à Tuberculose

O Rio de Janeiro apresenta a maior taxa de incidência do Brasil, com 114,7 casos por 100 mil habitantes em 2023, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde. O município enfrenta desafios administrativos como:

  • Poucos leitos especializados para tuberculose multirresistente;
  • Dificuldades na logística de distribuição de medicamentos, impactando a continuidade do tratamento;
  • Alta taxa de abandono do tratamento, agravando a resistência bacteriana.

Soluções Administrativas para o Rio de Janeiro

  • Melhoria na gestão de leitos hospitalares: Planejamento eficaz para garantir vagas para pacientes com tuberculose resistente.
  • Integração entre hospitais e atenção primária: Uso de tecnologias para rastrear pacientes e garantir acompanhamento contínuo.
  • Campanhas de conscientização e incentivo ao tratamento: Parcerias com ONGs e empresas privadas para aumentar a adesão ao tratamento.

Conclusão: O Papel da Administração no Controle da Tuberculose

A administração hospitalar e a gestão pública têm papel central na redução da incidência e da mortalidade por tuberculose. Estratégias como gestão eficiente de recursos, ampliação do acesso ao diagnóstico e melhoria na adesão ao tratamento são essenciais para o enfrentamento da doença.

O desafio da tuberculose exige planejamento estratégico, investimento adequado e ações coordenadas entre governos, hospitais e sociedade para que as metas de eliminação da doença até 2030 sejam alcançadas.

A conscientização da população sobre a tuberculose e o fortalecimento da gestão hospitalar são fundamentais para garantir que a descoberta de Robert Koch continue salvando vidas ao redor do mundo.

Fontes:

https://www.who.int/teams/global-programme-on-tuberculosis-and-lung-health/tb-reports/global-tuberculosis-report-2024?utm_source

https://portalcievs.saude.pe.gov.br/docs/Boletim%20-%202024%20-%2015.08.24.pdf?utm_source

https://epirio.svs.rio.br/publicacoes/tuberculose-no-municipio-do-rio-de-janeiro-2024/

https://www.gov.br/aids/pt-br/central-de-conteudo/boletins-epidemiologicos/2024/boletim-epidemiologico-tuberculose-2024

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/t/tuberculose/situacao-epidemiologica/apresentacao-dados-epidemiologicos-da-tuberculose-no-brasil

https://epirio.svs.rio.br/wp-content/uploads/2023/03/BOLETIM_epidemiologico_TUBERCULOSE_MIOLO_2023_FINAL_v2.pdf

*Adm. Fatima Ribeiro é coordenadora da Comissão Especial em Administração de Serviços de Saúde do CRA-RJ.

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