Se a canoa não virar

Se a canoa não virar

Se a canoa não virarNas décadas de 60/70 estavam em voga as marchinhas de carnaval, com versos curtos e de conotação lúdica. Entre essas, uma ficou famosa, tinha como título “Marcha do Remador” (1963), cujos primeiros versos diziam: “Se a canoa não virar, Olê! Olê! Olá! Eu chego lá!”. Conquistou notoriedade na voz da cantora Emilinha Borba (1923 – 2005). Como não temos o poder de Jesus, que andou sobre as águas, a forma de singrarmos a superfície aquosa é através de uma canoa ou outros tipos de embarcações. O tema mar sempre despertou fascínio nos homens, talvez por seu poder, mistério e encantamento, sendo cantado em prosa e verso por poetas e escritores. O navegador Amyr Klink disse certa vez: “O mar não é um obstáculo, é um caminho”. O problema é que a superfície do mar não é sólida, consequentemente exige uma estratégia para ser usada como um caminho. A solução é utilizarmos flutuantes como as embarcações impulsionadas por vela, remo ou motor. Analogicamente, nossas vidas e das instituições são semelhantes a um barco navegando por oceanos sem fim. Enfrentando tempestades, calmarias e até avarias, mas o que vai determinar a chegada ao destino em segurança é a habilidade em lidar com os imprevistos, alguns ficam pelo caminho. Uma das embarcações mais seguras, com a qual podemos enfrentar os desafios do mar, é a “canoa havaiana”. Na atualidade este modelo de embarcação é muito utilizado como esporte, em função, não só da segurança, como também, das habilidades requeridas e das lições que podemos aprender através do seu manuseio, com aplicação em diversas áreas das atividades humanas e empresariais.

Usada como meio de transporte há três mil anos, a canoa havaiana teve sua origem na Polinésia, região conhecida por agrupar ilhas do Pacífico, entre elas o Havaí, atualmente território dos Estados Unidos. Hoje se tornou um esporte que desembarcou na Europa e nas Clésio Guimarães Américas, ganhando cada vez mais adeptos no Brasil. A modalidade chama a atenção na orla das praias e lagos, pelas peculiaridades das canoas, que incluem uma conexão com a natureza, além de possibilitar a socialização dos praticantes.

Não é o tamanho que faz a diferença. Uma das maiores embarcações já construída, no século XX, o Titanic, teve sua viagem derradeira no dia 12 de maio de 1912. No ato da partida para seu primeiro cruzeiro, seu dono teria dito: “Nem Deus afunda este navio”. Três dias após, naufragou. Homens poderosos, como Alexandre, Napoleão, Fidel Castro, Chaves; empresas gigantes como Kodak, Mesbla, Blockbuster, IBM, naufragaram pelos mares navegados, enquanto um pequeno mercado, lá no subúrbio, sobrevive há um século.

Claro que em nossa caminhada pelos oceanos da vida as embarcações devem ser resistentes e equipadas, mas o essencial é a vontade, a fé e a confiança. Assim também são os homens e empresas, ninguém é imortal, todos estão sujeitos às intempéries da vida. Muitos colocam sua existência sob a proteção do dinheiro, mesmo sabendo ser ele efêmero, o que levou Platão, filósofo e matemático grego, a dizer: “O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê”.

Na política não é diferente. Notadamente, confrontamos a “realidade versus expectativa”, expressão usada para sintetizar a diferença entre ser e esperar, quando ficamos à mercê daqueles que vivem vaidosamente, com seus “pupilos” ansiados por nomeações, quando deveriam trabalhar em função das necessidades do povo. Lamentavelmente, muitas das vezes, são eleitos pela “lei da oferta e da procura”, o que inviabiliza a devida cobrança e fiscalização. Devemos salientar que o sincronismo, a força e o comprometimento com o objetivo são preponderantes para o sucesso, assim como na nossa vida pessoal e empresarial.

E se “a canoa não virar, Olê! Olê! Olá” A gente chega lá…”

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