O PARASITA DO CAPITALISMO

O rentismo emerge no capitalismo moderno como um parasita que precisa ser combatido, na medida em que mina a economia real e leva as empresas a abandonarem o investimento produtivo e se lançarem em busca de lucros rápidos no mercado financeiro, segundo o Administrador Wagner Siqueira*, presidente do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro (CRA-RJ).

 

 

Que tipo de prejuízo o rentismo traz para as organizações?

Wagner Siqueira – Ele na verdade transforma a natureza das empresas, que passam a visar apenas o lucro rápido e fácil, em detrimento da produção de bens e serviços, caminho que são ativos reais, pilares da economia.

O rentismo, ou seja, essa busca por lucros especulativos é uma tendência no mundo de hoje?

Wagner Siqueira – Sim, as empresas estão deixando de investir em si mesmas e o resultado é a estagnação, o sacrifício da produtividade e da inovação. É como e fosse um parasita que, ao sugar a riqueza da economia real, acaba enfraquecendo seu hospedeiro. E a perda da capacidade produtiva transforma o capital das organizações num patrimônio inerte.

Como isso tomou corpo no mundo empresarial brasileiro?

Wagner Siqueira – Pela cumplicidade entre executivos e acionistas na busca de ganhos desproporcionais, exacerbando a remuneração dos dirigentes e, em consequência, criando uma legião de “superstars empresariais”, que enriquecem a curto prazo enquanto condenam as empresas à ruína a médio prazo.

Qual a solução para um problema tão grave quanto complexo?

Wagner Siqueira – Primeiro é preciso reconhecer, depois combater o parasitismo financeiro que ameaça o sistema capitalista e a sociedade de mercado. É preciso que as organizações retomem o investimento produtivo e valorizem a inovação para que cheguem a um equilíbrio entre capital e trabalho, fundamental para revitalizar a economia e garantir um futuro próspero para todos.

O rentismo não é justamente o contrário?

Wagner Siqueira – Com certeza. A cobiça das empresas voltadas principalmente e apenas para os interesses de seus acionistas é uma das facetas mais cruéis da economia moderna, no mundo inteiro. Dinheiro não cria riqueza, apenas gera mais dinheiro ainda. Quem cria riqueza é a economia real, a produtividade do trabalho.

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