Logística reversa de pós-fornecimento interno

(uma ferramenta de otimização de custos operacionais)

Breve introdução

A Logística pode ser considerada como uma das mais antigas atividades humanas, haja vista a necessidade de atendimento à sociedade no tempo necessário e nas quantidades requeridas.

Ultimamente, tem-se falado muito em logística reversa de pós-venda e de pós-consumo, no entanto, nada se comenta sobre a logística reversa de pós-fornecimento interno.

Não se trata aqui de ciclo de vida de produtos, nem de meio ambiente ecológico, nem de satisfação plena do cliente, nem de legislação, nem mesmo de logística reversa de pós-venda nem de logística reversa de pós-consumo.

A abordagem está ligada à logística reversa de pós-fornecimento interno enfatizando-a como uma ferramenta gerencial de otimização de custos operacionais.

Conceitualmente, a logística reversa de pós-consumo está relacionada aos 3R: Redução, Reutilização e Reciclagem, referindo-se a descartabilidade de produtos sem condições de utilização, transformando-os em novas matérias-primas para a manufatura de novos produtos, ou de reutilização pós-recuperação do produto usado.

Por outro lado, logística reversa de pós-venda estabelece uma relação de tranqüilidade para o cliente, pois, como natureza complementar do produto, que refere-se às “garantias” e à “prestação de serviços”, criando uma tranqüilidade por tempo definido na relação de consumo e assistência técnica e peças de reposição, respectivamente.

“A logística reversa de pós-fornecimento interno, quando implantada em uma organização empresarial, torna-se uma excelente ferramenta gerencial de otimização de custos operacionais”.

Abordagem do tema proposto, passo a passo

Para iniciar o processo da logística reversa de pós-fornecimento interno, como uma ferramenta gerencial de otimização de custos operacionais, a Gestão de Estoques da empresa carece estabelecer um mecanismo de integração entre seus “usuários” e o “sistema de suprimento de materiais”, via processo de convencimento, sobre a importância da otimização dos custos operacionais inerentes aos processos de produção, de manutenção, de reparo, de operação ou de qualquer outro processo que a empresa pretenda desenvolver.

Essa integração ocorre no médio e longo prazos. Não se processa essa mudança por “decreto”. Isso poderá levar muito tempo, dependendo da cultura organizacional da empresa. Reuniões setoriais, seminários, treinamento operacional e desenvolvimento gerencial, como um processo de convencimento da necessidade de mudança de todo um sistema operacional, passando por uma reeducação de todos os envolvidos, até chegar a um novo processo de envolvimento, contando, sempre, com o apoio gerencial das autoridades administrativas da organização empresarial, isto é, de uma efetiva mudança de cultura dentro da organização empresarial.

É fundamental que a Administração de Material, por suas múltiplas atividades desenvolvidas por seus segmentos básicos de Planejamento, Compras e Armazenamento, detenha a credibilidade de seus usuários/requisitantes, sejam de projetos, de manutenção-reparo-operação, ou simplesmente de insumos (matérias-primas) para manufatura.

“Em uma organização empresarial, não se consegue o envolvimento de pessoas, sem um efetivo trabalho de convencimento na integração usuário/requisitante x sistema de suprimento de material, e, muito menos por ‘decreto’. Isso pode levar muito tempo !

Exemplo prático de logística reversa de pós-fornecimento interno

         Imagine uma necessidade operacional de substituição de 5 peças iguais por equipamento a ser reparado, ao preço final de cada peça igual a R$ 200,00. Sendo 2 unidades a serem realizadas, de acordo com a manutenção previamente definida, são fornecidas 10 peças ao requisitante/usuário, totalizando R$ 2.000,00. Esse usuário requisitante, ao abrir os equipamentos, apesar das suas fichas técnicas para manutenção, constata que serão necessárias, apenas 4 peças, ou seja, 2 para cada equipamento, o que custaria, apenas, R$ 800,00.

Estimou-se que o custo operacional desses equipamentos, inicialmente, seria de R$ 2.000,00. Sendo este usuário consciente e tendo participado de um processo de integração de  otimização de custos operacionais, devolveria ao almoxarifado as peças não utilizadas e, daí, seu custo operacional real seria, somente R$ 800,00. Caso contrário, haveria um  falso custo operacional total que totalizaria R$ 2.000,00, além, é claro, de evitar desperdícios.

Observa-se, nesse exemplo, que uma mudança de cultura organizacional minimizaria seus custos operacionais, tornando a empresa a bem mais competitiva em relação às suas concorrentes nesse mercado cada vez mais exigente de obtenção de maior produtividade.

“Deve-se saber distinguir, numa planilha de custos operacionais, o custo operacional real do falso custo operacional total. Para isso é necessário que se tenha implementado uma efetiva logística reversa de pós-fornecimento interno e que seu funcionamento seja voluntário com o envolvimento de todos”.

O processo de orientação e recolhimento de material excedente

Essa deverá ser  uma atividade integrada entre usuário/requisitante e órgão de suprimento de material da empresa, onde, todo material que fosse fornecido seria acompanhado de documentação de fornecimento e este mesmo documento seria indicado quando da devolução/recolhimento do material aos seus almoxarifados.

O recolhimento do material não utilizado pelo requisitante seria mais facilitado nessa devolução, haja vista que as indicações da documentação de fornecimento indicaria seu número, o item a ele referente e o valor a ele atribuído, para uma nova composição do controle contábil dos estoques.

“O processo de orientação se resume em uma atividade de integração entre usuário/requisitante de materiais e sistema de suprimento de materiais,  integrados ao comportamento/clima organizacional”

Procedimento também aplicável a materiais de reutilização

Esse procedimento é também aplicável a materiais que, após serem utilizados, possam passar por uma recuperação e venham a reintegrar os estoques como material recuperado – em condição de novo – e possam ser reutilizados por uma ou mais vezes. Todo esse processo passará por um parecer técnico de usuários/requisitantes que tenham o conhecimento técnico suficiente de emitir esse parecer favorável quanto à  condição desse material, desde que o seu reuso não venham a comprometer os níveis operacionais da organização empresarial.

Nesse caso, a terminologia correta seria logística reversa de pós-consumo por se tratar de itens de materiais já utilizados e disponibilizados para reaproveitamento e reutilização. Só que, neste caso, a reutilização ocorreria dentro da própria empresa que o utilizou e poderia ser deduzido, proporcionalmente, aos custos operacionais iniciais, tendo em vista que havendo nova condição de uso este material agregaria valor ainda que residual. Suas estimativas de custos ficaria a cargo de especialistas técnicos e financeiros para a avaliação de desgaste de material, a exemplo do que ocorre com os sistemas de depreciação de equipamentos. Este tipo de depreciação é regido por lei enquanto que a depreciação de materiais reutilizados poderiam ser disciplinados por procedimentos internos.

“Materiais usados que possam ter sua reutilização podem também ser componente desse tipo de procedimento, só que sua denominação passaria a ser logística reversa de pós-consumo. Esse processo requer, também, envolvimento e conscientização de pessoas envolvidas e motivadas”.

Em conclusão

A logística reversa de pós-fornecimento interno enfatizada como uma ferramenta gerencial de otimização de custos operacionais, deve ser rebuscada. Ela, além de agregar valor aos produtos e/ou serviços de uma empresa, é um verdadeiro estímulo às mudanças comportamentais – mudança organizacional.

A competitividade empresarial, a minimização de desperdícios e a efetividade serão objetos de verdadeiros elementos de bloqueio à concorrência de mercado cada vez mais acirrada.

Evidencia-se, por tais fatos, que cabe ao “sistema de suprimento de material” da empresa o armazenamento e o controle de seus materiais passíveis de movimentação. Todo e qualquer material excedente que não é devolvido aos almoxarifados, ficam fora de controle, “largados” indevidamente nas oficinas, nas linhas de produção, tumultuando essas áreas.

Na hipótese de existirem novas necessidades, ocorrerão novas requisições e/ou novos processos de compras desnecessários, haja vista não existirem registros, nem controles contábeis de estoques, das quantidades que não foram utilizadas e, por algum motivo não foram devolvidas aos estoques como deveriam, de acordo com os procedimentos formais escritos dentro da organização empresarial.

“Pode-se concluir que a logística reversa de pós-fornecimento interno enfatizada como uma ferramenta gerencial de otimização de custos operacionais, é de fundamental importância para a economia de uma empresa, desde que sua integração entre seus usuários/requisitantes de materiais e o sistema de suprimento estejam alinhados com objetivos comuns, tais como: a otimização de custos, a agregação de valor, a competitividade empresarial e o bloqueio à concorrência cada vez mais acirrada”.

Sugestões de leitura: